13 de out. de 2025

A CRISE DE TOLSTÓI E A NOSSA

 

IMG IA-GEMINI



A Crise de Tolstói e a Nossa.


Liev Tolstói, no auge da fama e da riqueza, foi assombrado por uma pergunta simples: “E depois?”
 
Sua crise existencial, descrita no livro Uma Confissão, é um espelho para os nossos tempos. Ele viu sua fé e seus ideais se corromperem em ambição e violência, descrevendo o círculo de intelectuais de sua época como um “hospício” de falsas verdades.

Hoje, vemos esse mesmo hospício na retórica de líderes como Netanyahu e Trump. Eles se apoiam em discursos de fé e civilização, enquanto suas ações promovem a aniquilação em Gaza. A religião, em suas mãos, torna-se um escudo para a brutalidade, uma justificativa para o poder.

Tolstói ilustrou seu desespero com a parábola de um viajante pendurado sobre um abismo, agarrado a um galho que está sendo roído por ratos, com o dragão da Morte esperando logo abaixo. Os habitantes de Gaza vivem essa parábola todos os dias, agarrados aos escombros de suas vidas, enquanto a geopolítica e a guerra devoram sua esperança.

Cansado da “tolice” da sabedoria de seu círculo de “parasitas”, Tolstói buscou a verdade no povo simples, que encontrava sentido na vida apesar da miséria. Ele percebeu que a verdadeira fé é a força que impede o ser humano de se destruir.

No entanto, ele não conseguiu abraçar a religião de seu povo por uma razão crucial: a hipocrisia. A Igreja que ele via justificava a guerra e o “assassinato”, tratando todos os que pensavam diferente como inimigos.

Essa é a confissão de nossos tempos. Quando a fé é usada para santificar a violência e desumanizar o outro, ela se torna a mentira que Tolstói rejeitou. A crise dele nos força a encarar a nossa: estamos do lado da retórica do poder ou da verdade do sofrimento humano?



Quem estiver sem tempo e quiser ouvi-lo gratuitamente, acesse:
"A Confissão"



6 de out. de 2025

"DEUS O LIVRE", POR QUÊ?

 

img IA via Microsoft Copilot 


“Deus o livre”, escutei. Era eu ou era alguém que pensava quando já despertava com o costumeiro zumbido levemente dentro das minhas orelhas também?

Sentei na cama e vi o notebook ligado, o relógio digital marcando quatro e quarenta e sete da manhã. Lá fora, ainda está tudo escuro sob a luz fraca do abajur… mas “Deus o livre”, por quê?

Ouço a chuva macia, o contraste dos graves, dos agudos, ressoando sobre o telhado, as paredes, a janela, entre os frisos da veneziana surge uma lagartixa e abocanha um cupim… “Deus o livre”, por quê?

Ao longe, um galo canta desafinado, repetitivo. Um grilo trina sob a relva, um coaxado, os pingos, o zumbido permanente… o que estava sonhando…? E “Deus o livre”, por quê?

Deu até impressão de a vida ser tão perigosa. Já nem sei mais quem está morrendo, se sou eu ou o mundo, lá fora. Se é a madrugada, a chuva, o galo, o sapo, o grilo… “Deus o livre”, por quê? 

Logo o dia vai raiar, mesmo que continue a chuva macia… logo vai cantar o sabiá, o bem-te-vi, a corruíra, a natureza é tão viva… ora, “Deus o livre”, por quê?
 
A vida já anda tão triste, tão pesada, com tanta fome, tanta guerra, matança… que já continuar vivo ficou tão difícil, viver… Será por isso o “Deus o livre, por quê?”






5 de out. de 2025

AS MINÚSCULAS FORMIGUINHAS DE PORTO ALEGRE

 

img Gemini

As Minúsculas Formiguinhas de Porto Alegre.


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Com o verão se aproximando, Porto Alegre se prepara para sua verdadeira invasão anual. Não a de turistas, mas a delas: as minúsculas e implacáveis formigas que veem nossa cidade como um grande banquete ao ar livre.

Minha guerra particular começou anos atrás, num oitavo andar na Rua da Praia. Encontrei uma trilha de formigas que, ludibriada pela parede verde do prédio, acreditou ter encontrado a Mata Atlântica, mas acabou estacionando, confusa, no carpete da minha sala. Aquela foi a tropa de reconhecimento; as verdadeiras conquistadoras são as pequeninas, as colonizadoras que não fazem trilhas, simplesmente se materializam no pote de açúcar.

Fugi delas. Mudei de bairro, achando que um novo CEP seria minha salvação, mas foi inútil. Elas já me esperavam no novo endereço, provando não haver refúgio. Em algum formigueiro-mãe, um general de seis patas já deve estar insuflando suas tropas para a campanha de verão: 

— Avante! Nenhum grão de açúcar ficará para trás!

Enquanto nós, humanos, nos armamos com simpatias inúteis como cravos e cascas de limão, elas avançam com uma disciplina militar. Aprendemos da forma mais difícil que, no calor porto-alegrense, não somos donos de nossas casas, mas meros inquilinos. A cidade, no fundo, pertence a elas.

Há quem diga que elas fazem bem para os olhos. Não acredito, estão por toda parte… Por falar nisso, preciso checar se não esqueci de fechar meu açucareiro, não é muito palatável tomar café com elas boiando.


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21 de set. de 2025

CRÔNICA DA PEC DA 'BLINDAGEM' (BANDIDAGEM)

 



Crônica da PEC da ‘Blindagem’ (Bandidagem).



Nos corredores de mármore, onde o poder se move em sussurros e ofícios, forjaram um escudo. Chamaram-no de emenda, de prerrogativa, mas o seu verdadeiro nome nasceu longe dali, no éter anônimo e brutal das redes. A 'PEC da Blindagem'; na verdade, 'PEC da Bandidagem', foi o batismo de fogo dado por uma nação que viu na manobra não o fortalecimento da democracia, mas a armadura da impunidade. Enquanto a caneta dos deputados corria célere para aprovar o texto, selando um pacto de autoproteção que transcendia partidos, uma fúria digital se avolumava. O que era um murmúrio de indignação tornou-se um maremoto, uma onda de repúdio que não pedia licença, traduzindo o ‘juridiquês’ na hashtag: #CongressoInimigoDoPovo. A conspiração do silêncio oficial foi rompida pelo barulho ensurdecedor de milhões.

Aquele clamor virtual, incorpóreo, não se contentou em existir como dados e píxeis. Ele transbordou, ganhou corpo, suor e voz, descendo para o asfalto quente das capitais. O Brasil respondeu ao chamado. No Rio, a melodia de velhos hinos de resistência uniu gerações em Copacabana. Em São Paulo, uma bandeira imensa, resgatada das mãos que a haviam sequestrado, flutuou sobre um mar de gente na Paulista. Em Brasília, a multidão marchou sobre a Esplanada, numa peregrinação laica ao coração do poder para entregar sua mensagem em cartazes e gritos. De Salvador a Curitiba, a revolta tomou a forma de um carnaval democrático, de um varal da vergonha, da teimosia de corpos que se recusavam a dispersar sob a chuva. O país converteu a fúria do éter em um ato físico, uma afirmação de que a rua ainda lhe pertencia.
 
O eco daquela gente na rua viajou de volta a Brasília, mas desta vez não bateu em portas fechadas. Entrou pelas frestas do Senado, onde a proposta foi recebida com a frieza de um corpo estranho, e ricocheteou de volta à Câmara, forçando deputados a recuos públicos, a confissões de covardia. A vitória, no entanto, não trouxe o alívio doce da paz, mas o gosto de uma trégua inquieta. A PEC foi ferida de morte, mas a doença que a gerou, a soberba de uma casta que se julga acima da nação, permaneceu. O asfalto se aquietou, mas a memória digital continua a zumbir, vigilante. A batalha foi vencida no grito, mas a guerra por uma República onde a lei seja, de fato, a mesma para todos, essa ainda aguarda seu fim.

Nas próximas eleições, vamos votar com mais responsabilidade, escolhendo um Congresso e Senado que respeite a Soberania, a Democracia e a Constituição. 




12 de set. de 2025

O PESO DA CANETA E A ESPADA DA LEI

 

img Gemini IA

O Peso da Caneta e a Espada da Lei.


Um velho pescador uma vez me disse: 


“Um homem deve enfrentar o mar e suas tormentas, mas nenhuma tempestade é maior do que a que um homem cria para si próprio.”


Aqui, nestes trópicos de paixões fervilhantes, a espada da lei desceu com o peso frio do aço. Vinte e sete anos. Não é um número redondo, poético. É um número áspero, pesado, calculado. É o som de uma porta de ferro fechando-se não, a um mandato, mas a uma vida política.


O Supremo Tribunal Federal, em sua magistratura solene, não julgou um homem; julgou um conceito. Julgou a ideia de que a autoridade é um salvo-conduto para a insubordinação, de que o poder concede o direito de torcer a verdade até que ela se assemelhe a uma ficção perigosa.


Eles o condenaram por suas palavras, por seus acenos, por seus sussurros em saletas e por seus gritos em praças cheias. Condenaram o arquiteto pelo que suas criaturas fizeram; o maquinista, pelo descarrilamento do trem. Foi a sentença que muitos, em outras terras, esperavam ver.


Do outro lado do equador, em uma nação vista como farol, um homem similar incendiou a praça com gasolina retórica e depois contemplou o incêndio.


A invasão ao Capitólio não foi uma revolta espontânea; foi um ato encenado, o epílogo previsível de um espetáculo de meses. As pessoas não foram meramente incentivadas; foram instrumentalizadas. Elas escalaram paredes, quebraram vidraças, e no rosto delas estava não a fúria da razão, mas o êxtase da obediência cega.


Trump olhou, consentiu e certamente sorriu. A história exigia uma resposta à altura. Exigia que a espada da lei cortasse com a mesma veemência e precisão com que cortou aqui, mas lá, o sistema vacilou. As engrenagens da justiça moveram-se com a lentidão de um rio entupido de tralha política.


Ele foi julgado, sim, mas pela boca do povo nas urnas, não pela mão firme dos togados. A justiça legal ficou aquém. O preço que pagou foi a derrota, não a prisão. Um preço baixo para quem quase quebrou a espinha dorsal de uma grande democracia.


Aqui, a lição foi diferente. O STF não mediu a sentença pela popularidade do réu ou pelos ventos políticos do momento. Mediu-a pela gravidade dos atos, pela tentativa de rasgar o contrato social que nos mantém civilizados. Vinte e sete anos é uma sentença para que os livros de história a registrem não como uma vingança, mas como um lembrete: ninguém está acima da República.


A diferença crucial é esta: enquanto em algumas praças a justiça ainda debate se deve pescar com rede ou com arpão, aqui lançou o arpão no peixe grande. E acertou em cheio.


Não se celebra a queda de um homem. Celebra-se a ascensão de um princípio. O princípio de que as palavras têm consequências, que o poder é empréstimo e ninguém, absolutamente ninguém, tem o direito de atear fogo no telhado da casa que abriga a todos nós.


O velho pescador sabia. Um homem que provoca a tempestade deve estar preparado para naufragar nela. Sozinho. E a justiça, quando verdadeira, não é um salva-vidas. É o farol que mostra os rochedos onde os irresponsáveis se arrebentam.


Aqui, o farol funcionou. Lá, do outro lado, somente piscou… e o mundo todo estava olhando. 


























18 de ago. de 2025

O PASSADO NÃO É SILÊNCIO

 

img Arquivo Nacional

O PASSADO NÃO É SILÊNCIO.

 


Porto Alegre, fim de agosto de 1961. O ar cheira a pólvora até às margens do Guaíba. O vento corta o Cais, trazendo consigo o peso da história. A cidade, antes tranquila, agora vibra com uma tensão geral que se espalha pelas ruas.


No Palácio Piratini, Leonel Brizola está falando no microfone, olhos fixos. Sua voz, rouca e firme, ecoa nos alto-falantes da Rádio Guaíba, atravessando a noite com avisos inflamados.


Na Praça da Matriz, a multidão se aglomera. Homens de chapéu, mulheres de lenço, jovens com os punhos cerrados. Todos esperam, estão prontos, todos sabem… se tiver que acontecer, vai de fato acontecer.


A Brigada Militar mantém posição, rifles prontos, olhos atentos. Ninguém sabe se os tanques federais virão, se os tiros começarão antes do amanhecer, mas todos estão prontos, também.


Nos bares, o papo é só um: o país está à beira de uma guerra civil. Alguns falam baixo, outros gritam. A cerveja ajuda, mas não apaga o medo de ninguém. É necessário, é urgente, querem trair a constituição, a soberania, a nação.


Os jornais estampam manchetes em letras grossas:

“O ABISMO SE APROXIMA”, “RESISTIR OU ENTREGAR O PAÍS” (Última Hora); “A NAÇÃO NA ENCRUZILHADA” (Correio do Povo); “LEGALIDADE OU DITADURA” (Diário de Notícias)


A democracia, pendurada por um fio, eles querem arrancá-la de nossas mãos. Brizola não recua. Suas palavras são facas cravadas no ar, cortando a indecisão. Legalidade ou guerra. O povo responde, ocupa as ruas, ergue cartazes, desafia o silêncio dos quartéis.


Os dias se arrastam. A tensão sufoca. Mas a chama não se apaga… ninguém arreda o pé enquanto não restabelecerem a legalidade…


Hoje, o vento mudou, mas o cheiro no ar é o mesmo. Novos tanques não avançam pelas ruas, mas as ameaças são reais. Os ‘filhotes da ditadura’ voltaram, agora estão de terno e gravata, falando em ordem, pátria, Deus e família enquanto querem desmontar direitos, vender o país, negar a história. Querem o passado de volta, com suas botas, seus porões, seus medos e novas torturas.


O povo precisa voltar às praças, às ruas. Ainda há microfones que não se calaram. A chama crioula ainda arde, ainda resiste, o vento sopra, mas ela é teimosa, não se apaga, insiste em queimar.






18 de jul. de 2025

A ARTE DE AFUNDAR O PRÓPRIO BARCO

 
img-ArtTower-pixabay

A Arte de Afundar o Próprio Barco.

 

Há uma certa maestria perversa em como alguns governos parecem especialistas em cavar o próprio buraco, e depois se surpreenderem quando caem nele. A sobretaxação de Trump às exportações brasileiras, anunciada para agosto, não chega a ser um raio em céu azul. É mais um capítulo previsível duma novela escrita com tintas de irresponsabilidade e interesses escusos.

 

Lembro-me, não sem amargura, do governo anterior. Enquanto o ex-presidente brincava de negacionista e Moro distribuía sentenças como se fossem panfletos, o país afundava. Mais de 700 mil mortos pela Covid, muitos deles vítimas do atraso criminoso na vacinação. As empreiteiras, estranguladas por bloqueios econômicos, levaram junto empregos e sonhos. A Petrobrás, entregue aos ventos do mercado, virou um poço sem fundo para o bolso do trabalhador.

 

Agora, o filho do mesmo ex-presidente, Eduardo Bolsonaro, decide fazer turismo conspiratório nos EUA, alimentando teorias que só servem de munição para Trump. O resultado? O magnata americano, sempre ávido por um 'bode expiatório', usa o Brasil como alvo fácil. A taxa de 50% sobre nossas exportações não é só um golpe no agronegócio, mas o preço de uma diplomacia feita de improviso e servilismo.

 

É irônico. O mesmo governo que abraçou Trump como ídolo agora leva um chute do herói. O mesmo time que condenou o país ao caos sanitário e econômico agora assiste, de camarote, a mais uma crise que poderia ter sido evitada.


No fim, a lição é clara: quando se governa para interesses escusos, sejam eles de juízes midiáticos, milicianos ou adoradores de lunáticos estrangeiros, o preço sempre vem. E quem paga, como sempre, somos nós. 


Isso precisa mudar, realmente. 😐


DCM/youtube.

UOL (RECORTE)

Mídia Ninja (recorte)




RAZÃO E SENTIMENTO


Razão e Sentimento: A Alma de Jane Austen. 



Em um mundo onde as mulheres eram esperadas somente para sentir, Jane Austen ousou pensar e escrever. Com uma pena afiada e um coração atento, ela desenhou personagens que, embora confinadas pelas convenções do século XIX, transbordavam humanidade. 

Em Razão e Sensibilidade, Austen nos apresenta Elinor e Marianne Dashwood, duas irmãs que encarnam o eterno conflito entre lógica e emoção. Elinor, com sua compostura e prudência, representa a razão. Marianne, com sua paixão e impulsividade, é a sensibilidade em carne viva. 

Mas Austen, com sua ironia sutil e olhar compassivo, não toma partido. Ela nos mostra que viver exige ambos: o cálculo e o risco, o silêncio e o grito. A crônica da vida de Jane Austen é, ela mesma, uma dança entre esses polos. 

Sem grandes escândalos ou romances arrebatadores, sua existência foi marcada por observação, introspecção e escrita, uma forma de resistência silenciosa. Em tempos em que o destino feminino era o casamento, Austen escolheu a literatura como sua aliança mais duradoura. 

Século após século, suas palavras continuam a nos tocar. Porque, no fundo, todos somos um pouco Elinor e Marianne tentando equilibrar o que sentimos com o que sabemos. E é nesse delicado balanço que Jane Austen permanece viva.









11 de jul. de 2025

SEMPRE AS DESCULPAS

Ilustração-Vilkasss-elderly-Pixabay


Sempre as ‘Desculpas’.


Estava no banco da praça, o rádio sussurrando notícias entre estatística e vento. Mais uma tarifa de Trump, desta vez contra o Brasil. Os passarinhos não se importaram, mas eu ouvi. Sempre ouço.

Ele não inventou nada. Só pegou o velho argumento da anistia, embrulhou na bandeira verde-amarela e vendeu como mais uma novidade. Depois veio o aço, a segurança nacional, o déficit. Sempre uma desculpa, sempre alguém pra culpar. Um homem assim não tem amigos, só alvos.

Os brasileiros que o veneram deveriam abrir os olhos. Ele taxou europeus, chineses, canadenses… até os que se ajoelharam diante dele. Ninguém escapa. Ninguém. Se pudesse, cobraria imposto do sol que nasce no Leste.

Mas o pior não é o dinheiro que some. É a fé que sobra. Acreditar que ele faz isso por honra, por América First, ou é ingenuidade, ou estupidez. Ele faz porque é negócio. E negócio, para um homem desses, não tem bandeira, acredite.

Desliguei o rádio. Os passarinhos continuaram, indiferentes. Olhei o céu. Choverá amanhã? Não sei. Aqui no Sul isso também se tornou preocupação. No fim, como sempre, a conta chega. E quem paga somos nós… sempre as mesmas desculpas.




19 de jun. de 2025

A ÚLTIMA PEDRA

 
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A Última Pedra.

 

O sol nasce. O sol se põe. A Terra gira, como sempre girou. Os cientistas dizem que nosso planeta ainda tem bilhões de anos pela frente, se nada interferir. Mas o homem parece decidido a ser essa interferência.

Vejo as notícias. Homens em salas fechadas apertam botões que podem acabar com cidades inteiras. Falam em estratégia, em defesa, em honra. Mas não falam no silêncio que virá depois. O silêncio dos pássaros que não cantarão mais, dos rios que não correrão, dos filhos que não nascerão.

É como Sísifo. Empurramos a pedra morro acima, suando, praguejando, achando que estamos fazendo algo grandioso. E quando quase chegamos ao topo, ela rola de volta. Guerra. Paz. Guerra outra vez. Sempre a mesma pedra, sempre o mesmo suor inútil.

Os oceanos continuam lá. As montanhas também. O céu, por enquanto, não caiu. Mas há homens que parecem ansiosos para derrubá-lo.

Talvez a Terra sobreviva a nós. Quem sabe, talvez, quando nossa espécie já tiver virado pó, o planeta continue girando, indiferente. O sol nascerá. O sol se porá. E não haverá ninguém para ver.

É uma crônica triste, sim, mas crônicas tristes também precisam ser contadas... enquanto ainda há tempo. 




13 de jun. de 2025

O VELHO ÓDIO

 


O Velho Ódio

 

Os sóis caem sobre Tel Aviv como brasas no olho do deserto. Netanyahu fica à janela, o rosto talhado em sombras duras, os olhos, dois pedaços de carvão acesos. Tem as mãos calejadas de tanto apertar gatilhos invisíveis, de tanto assinar ordens que chegam a Gaza como trovões de chumbo.


"Eles nos oprimem", diz ele, baixo, para os fantasmas que o rodeiam. "Os persas, os árabes, o mundo inteiro nos oprimem."


Mas o vento que vem do mar traz o cheiro de pólvora e sangue, e as paredes do seu gabinete murmuram nomes em hebraico e árabe, todos iguais: mortos, mortos, mortos, e mais mortos no fim.


Lá fora, as ruas de Gaza são um tapete de escombros, e pais cavam com as mãos nuas entre os destroços, buscando os filhos que o fogo de Netanyahu engoliu. Quem oprime quem? O velho líder sabe a resposta, mas a enterra fundo dentro de si, como um soldado enterra a baioneta na terra molhada depois da batalha.


"Se não dominarmos o Oriente Médio, eles nos dominarão", pensa, enquanto acaricia o mapa como quem afia uma faca. Mas os mapas são traiçoeiros — nunca mostram os ossos que os sustentam.


No Irã, os aiatolás, em surdina, olham para o líder de Israel, e dizem: "O monstro que nos justifica." E assim gira essa roda, o sangue alimentando o sangue, o ódio justificando o ódio.


Netanyahu olha para o céu, onde os drones zumbem como moscas sobre a carne podre. Talvez ele sonhe com um império. Talvez só tema o abismo.


Será que ele não sabe que o homem que luta contra as feras pode acabar se tornando uma pior?


No fim, não há vencedores nas guerras eternas. Só sobreviventes, cada vez mais sozinhos, cada vez mais vazios... enquanto isso, o Mediterrâneo, indiferente, continua a levar os corpos para debaixo do chão.


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9 de jun. de 2025

SOLDADOS E SONHOS PERDIDOS

REUTERS/Omar Younis

Soldados e Sonhos Perdidos.

 

Los Angeles queima, mas não é o fogo da terra seca. É outro tipo de chama. É mais antiga, mais amarga. Dois mil soldados chegaram. Não para apagar incêndios, mas para conter homens, mulheres, crianças. Gritos em espanhol, em inglês, em medo. Trump mandou seus homens, e a Califórnia, com os dentes cerrados, os recebeu. Não é guerra civil, não. É só mais um capítulo de um livro que já estava escrito: o sonho americano virou pesadelo, e agora há tropas nas ruas para conter os protestos e guardar os escombros.


Os canais falam em revolução, em sangue, em divisão. Mentira. A divisão já estava lá — só ficou nua! Os imigrantes de Paramount e Compton não são invasores. São as pessoas que colhem seu alimento, que constroem suas casas, que limpam seus hotéis. Vieram atrás de um conto de fadas que lhes foi vendido: trabalhem duro, e serão parte disso aqui. Mas o conto tinha fim. O sonho acabou. E agora, em vez de abraçá-los, mandam soldados.


Não é sobre leis. É sobre esquecimento...


Os mesmos homens que falam em fronteiras não se lembram que seus avós atravessaram oceanos em porões de navios, famintos, perseguidos. Todos vieram de algum lugar. Todos fugiam de algo. A diferença é que alguns, ao chegarem, puxaram a escada atrás de si.


Enquanto isso, as florestas ardem. Os oceanos engolem cidades. O planeta, esse imigrante solitário no cosmos, segue girando, indiferente às nossas medíocres fronteiras inventadas.


No fim, todos somos estrangeiros, sim, na terra, no tempo, na história. E talvez um dia, quando o último muro cair e a última bandeira for queimada pelo sol, a gente entenda: não havia pátria. Só havia gente. E o dever simples de não deixar ninguém para trás.





7 de jun. de 2025

LULA E O SILÊNCIO DOS DESDENHOSOS

 

img-Portal-Gov

Lula e o Silêncio dos Desdenhosos.



Em Paris, onde a luz do sol se mistura com o peso da história, o presidente Lula caminhou nesta semana não como um mero visitante, mas como um estadista cuja voz ainda ecoa em fóruns globais. Recebido por Macron, discutindo clima, pobreza e multipolaridade, o brasileiro ocupou espaços que, em outros tempos, eram reservados apenas às potências de sempre. No entanto, enquanto isso, do outro lado do Atlântico, parte da imprensa brasileira tratou o fato com um silêncio quase cúmplice, quando não com um desdém mal disfarçado.


Não é de hoje que certos veículos trocam o jornalismo pela caricatura. Se Lula fosse um presidente alinhado aos seus interesses, cada aperto de mão em Paris seria manchete, cada discurso seria esmiuçado como “grandeza diplomática”. Mas como se trata de um líder que ousa pensar o mundo para além das redações de alguns jornais, o tratamento é outro: notas breves, contextualização rasa ou, pior, a completa ausência de destaque.


O curioso é que, enquanto o Brasil assiste a essa cobertura míope, a imprensa europeia registrou a passagem de Lula com a devida importância. Le Monde, Libération e até o rigoroso Financial Times destacaram seu papel nas discussões sobre o meio ambiente e a governança global. Aqui, porém, alguns preferem falar mais de supostos deslizes ou reduzir a visita a um “passeio”.


Paris, cidade que já viu tantas revoluções, talvez não se impressione com o pequeno teatro da má-fé jornalística. Mas o Brasil, que precisa enxergar seu lugar no mundo, merecia uma imprensa que informasse, não que escolhesse seus heróis e vilões conforme a pauta ideológica do dia. Enquanto Lula falava de soberania e cooperação, aqui se cultivava o silêncio — e não há maior desprezo do que ignorar um homem que, goste-se ou não, ainda move o mundo.


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Lula/Macron - Vídeo/YoTube👈

lemonde.fr/international/article/2025/Lula/Macron

Uol-Lula/Macron

Mídia NInja/discursos-homenagens





26 de mai. de 2025

DEZ FILHOS, NOVE SILÊNCIOS

 



DEZ FILHOS, NOVE SILÊNCIOS.


Todo médico conhece o peso dos corpos. Sabe que um recém-nascido cabe perfeitamente no vão de seus braços — é a vida! 


Sabe que uma criança de sete anos é mais pesada ao carregar dormindo do que acordada, que o corpo de um adolescente já tem a densidade da juventude. Mas nenhum médico aprende, em nenhum livro, o peso de nove filhos mortos ao mesmo tempo.


Ele era pai de dez. Sim, dez vezes pai. Dez vezes seu coração se dividiu e andou pelo mundo em dez corpos menores, seus filhos ainda frágeis, que possivelmente ele mesmo ajudou a trazer à luz. Dez nomes, dez risos, dez futuros — nove cruzes agora, porque o que sobreviveu está em estado grave com ele. Pai e filho, restou, ambos ainda inconscientes.


Quando a bomba caiu, ele não estava no hospital. Estava em casa, sendo pai — quem sabe assando o pão escasso, ou contando histórias lúdicas para afastar o temor, ensinando o mais novo a amarrar os sapatos, ou, ao mais velho, palavras de ânimo e resiliência ao meio do caos e toda a dor. 


A mãe também é médica, estava no hospital, salvando vidas como sempre fez. Só que desta vez, as macas traziam rostos conhecidos. Crianças com seus mesmos olhinhos que, antes, eram brilhantes, e com suas próprias cicatrizes de quedas, suas roupinhas que ela lavara com as próprias mãos, quando ainda havia um resto d'água.


Todo médico também sabe como declarar a morte. É um ato somente técnico: pulso, pupila, silêncio — é a morte. 


Mas como se declara a morte de um filho? E depois de outro? E outro? E mais outro, mais outro, assim, sucessivamente? Onde se anota tamanha atrocidade? Em qual dos formulários? E não menos pior! Onde ficará todo o universo arrancado instantaneamente da alma de uma mãe? Onde? Diga, responda, por favor! 





24 de mai. de 2025

O HOMEM QUE CAPTURAVA ALMAS

 
img-Wikipédia

O Homem Que Capturava Almas.


Era um homem alto, olhos de águia que havia visto o mundo. Não somente visto — havia sentido o mundo, em suas dores e em suas belezas. Sebastião Salgado não fotografava somente imagens; ele capturava almas.

Ele caminhava entre os homens famintos da África, entre os rostos sulcados de cansaço dos garimpeiros, entre os refugiados que carregavam filhos e histórias nas costas. Sua câmera não era apenas um instrumento — era uma extensão de seu coração. Cada clique era um suspiro, cada foto, um pedaço de humanidade arrancado do esquecimento.

Havia uma dor em seu trabalho, mas também uma esperança teimosa. Ele mostrava a miséria, sim, mas também a dignidade intocável dos que sofrem. Os olhos que ele registrava não eram vazios — estavam cheios de histórias não contadas, de sonhos não realizados, de uma força silenciosa que o mundo preferia ignorar.

E depois, quando o peso do que vira quase o esmagou, ele voltou-se para a terra. Para as árvores. Para o renascimento. Com sua companheira, Lélia, plantou florestas onde antes havia apenas feridas. Acreditou que a beleza poderia curar. E curou.

Sebastião Salgado não é somente um fotógrafo. É um contador de histórias, um guardião da memória do mundo. Em suas fotos, os esquecidos têm voz. Em suas imagens, a escuridão e a luz dançam juntas, lembrando-nos de quem somos — e do que ainda podemos ser.

Ele nos ensinou que a arte não é somente espelho. É também mão estendida. E, acima de tudo, é um ato de amor e humanidade.




28 de abr. de 2025

A CAMISA DIVIDIDA DA SELEÇÃO

 
Ilustração-Geralt-Pixabay

A CAMISA DIVIDIDA DA SELEÇÃO.


Eu nunca imaginei que um pedaço de tecido pudesse carregar tanto peso. A camisa amarela da seleção brasileira, antes um símbolo de alegria despretensiosa, virou uniforme de guerra cultural. Em 2018, ainda era possível ver crianças, avós, torcedores de todo tipo vestindo-a sem pensar em política. Em 2022, porém, o manto sagrado do futebol ficou completamente sequestrado — ou pelo menos é assim que muitos passaram a enxergar.

O amarelo, que já foi cor de gol de Pelé, de comemoração de Romário, de drible de Garrincha, virou bandeira de um lado só. E, como acontece quando algo coletivo vira propriedade particular, o incômodo cresceu. Há quem, hoje, prefira ver a seleção perder — de 7 a 1, quem sabe — só para não alimentar a narrativa que se apropriou dela. A CBF, pressionada, anunciou mudanças: dizem que o vermelho pode substituir o tradicional verde-amarelo. Mas será que trocar uma cor por outra resolve, ou só empurra o problema para outro lugar?

A Itália joga de azul, a Holanda de laranja — cores que não estão em suas bandeiras, mas que ninguém questiona. O Brasil, porém, é um país que vive em conflito até com suas próprias cores. Talvez o problema não esteja no amarelo, no verde ou no vermelho, mas na insistência de que uma só tonalidade pode representar 200 milhões de histórias diferentes.

Por que não criar uma camisa tão plural quanto o país? Uma mistura de cores, como um mosaico de identidades, onde verde, amarelo, azul, vermelho — e todas as outras — coexistissem sem hierarquia. E se, em vez de decisões a portas fechadas, a escolha fosse feita em um concurso aberto, onde torcedores, artistas ou mesmo crianças desenhassem o novo manto da seleção?

No fim, o futebol sempre foi democrático. Talvez seja hora de a camisa também ser.



21 de abr. de 2025

O PAPA, O FERIADO E O SINAL

 
Ilustração azmeyart-design Pixabay

O PAPA, O FERIADO E O SINAL.
 

Já nem sei mais o que me acordou primeiro: se a dor de dente ou a notícia anunciando a morte do Papa. O argentino Jorge Mario Bergoglio — o Papa Francisco, o primeiro sacerdote católico das Américas — o homem que carregou o peso da fé em seus ombros já curvados pelo cansaço. Também pudera, os tempos de hoje andam esquisitos, muito bizarros, realmente. 

A voz do locutor foi grave, mas eu estava mesmo era preocupado com a minha consulta marcada. O feriado de Tiradentes me lembrou esse detalhe, imagine, logo hoje isso também acontece. Não é ironia, não, juro por Deus! Joaquim José da Silva Xavier arrancava dentes. E eu aqui pagando caro para não arrancar os meus, só isso, mas sentir dor logo hoje não é nada bom, isso é um mau sinal. 

Lavei o rosto, escovei os dentes com mais cuidado na região inflamada. O áudio da notícia continuava. Falava da santidade, do seu legado, do luto. Eu olhava para o ímã na geladeira — o telefone do dentista, grudado ali entre contas e lembretes. A vida é feita dessas coisas acontecendo em simultâneo: uns enterram o Papa, outros aproveitam o feriado, e outros, os mais desesperados, torcem para salvar um molar dolorido o mais depressa possível. 

Olhei pela janela. Céu limpo, sem nuvens. Depois do feriado e do funeral do Papa, haveria de ser um dia perfeito pra continuar o tratamento de canal. Coincidência ou não, a dor de dente foi mesmo o sinal. 



20 de abr. de 2025

DESCULPAS TARDIAS

 


Desculpas Tardias.

 

O senador Adam Schiff falou suave, comedido, como quem deposita solenemente rosas num túmulo de um soldado desconhecido. Agradeceu. Pode-se dizer que pediu perdão. Lamentou. Até citou histórias que já não importam também. Palavras bonitas para cobrir o que já está podre, afinal.

Do outro lado, o Canadá e, por que não, o México e o resto do mundo que também escutam, mas cada qual não esquece o passado sofrido. Trump partiu algo que não se cola com discursos, a confiança exige mais do que isso. 

E o que é ainda pior: cerca de quarenta por cento dos norte-americanos ainda acreditam no homem que quebrou essa mesma confiança. Quarenta por cento que ainda sorriem como se o mundo devesse se curvar diante dele.

O que se vê é o sol se pondo sobre estas relações mortas, enquanto Schiff ainda rega as cinzas com mel. Tarde demais, não? Sim, é como o murmúrio lamentoso de um velho caçador que erra o tiro e vê a fera sumir no meio da floresta. Olha-se o cartucho sobre a relva, o rifle ainda fumega, e agora resta o silêncio entre os parceiros que antes caminhavam, lado a lado, mas isso também pouco importa, ninguém reconhece mais o passo um do outro. 


TheMXFan/youtube👈 (vídeo dublado em português)

Adam Schiff/Instagram (inglês)👈(vídeo em inglês)


13 de abr. de 2025

GREVE DE FOME NO PLENÁRIO


img-reprodução/BNews



Greve de Fome no Plenário.


Ele já está no quarto dia sem comer. Dorme no plenário, sobre um colchão de ar. O clima é pesado. Glauber Braga permanece sentado, as costas contra a parede, olhos fixos nas cadeiras vazias. Os opositores do conselho votaram pela cassação como deputado federal. Querem tirar seu mandato a qualquer preço. Não, a qualquer preço, não. Houve um preço. Um preço alto. Todos sabem disso. 

Começou pelos militantes do MBL. Eles invadem escolas, universidades, plenários, buscando selar views infames nas redes sociais. São línguas venenosas, mais afiadas, sobretudo, profissionalmente sórdidas, provocativas. Com o que aconteceu com Glauber, só quem tem sangue de barata aguentaria. Xingaram sua mãe, quando ela estava hospitalizada com sérios problemas de saúde, inclusive vindo a óbito no mês seguinte.

Isso foi mesmo insuportável. Dolorido ter que tolerar. Tudo tem um limite. A falta de decoro já acontecia há bastante tempo contra ele. Ouvir aquelas ofensas foi pior. O Glauber deu um pontapé na bunda deles todos, pode-se dizer. Isso foi filmado. As imagens rodaram por dias a fio, todo mundo viu e eles fugiram como sempre fazem.  

Agora, greve de fome. Questão de honra, dignidade. Imagine aqueles ‘meninos’ no plenário querendo falar de ética, vê se pode uma coisa dessas. O buraco é mais embaixo. Glauber fala de Arthur Lira. Uma casa de dez milhões foi o preço dele, por exemplo. O salário de um deputado com os impostos de um deputado… Os números não batem. 

Lá fora, o sol queima e o ar é sempre seco. Dentro, um homem definha. As paredes observam. Hoje, eles tentam calar a voz dele, 'amanhã vão querer calar a voz de qualquer um que venha se insurgir contra essa prática corrupta do orçamento secreto'. É assim que eles querem que as coisas fiquem. Sua decisão, então, foi tomada: não come, não arreda o pé do plenário até a situação se resolver. 


#GlauberFica #PolíticaLimpa 


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