Evidentemente, muita gente não
sabe disso conscientemente. Quer dizer, até pode, sim, ter ouvido falar sobre
isso, qualquer coisa a respeito, mas mesmo assim não faz nenhuma ideia do
perigo pelo qual estamos passando. A coisa é grave, realmente. Porém, há de
convir que também não devemos ser tão assim pessimistas, nem
catastróficos.
A Idade Média, por exemplo, não tinha a mesma quantidade de pessoas. No
entanto, sentiam-se constantemente à beira do abismo, sempre com a expectativa
de que o fim do mundo poderia ocorrer a qualquer momento. Esse pressentimento
era constante, uma vez que a ciência ainda era muito limitada, e, nesse caso,
até seria possível compreender.
Descobrir que hoje, porém, lentamente, imperceptivelmente, estamos
coletivamente nos suicidando chega a ser cruel, é verdade. E mesmo que seja
algo involuntário, que isso não tenha nada a ver com a nossa própria pessoa,
individualmente falando, é claro, isso provoca até um sentimento de culpa e
inocência, simultânea.
No entanto, não se precisa ir tão longe, voltar ao passado. Se
analisarmos nosso tempo contemporâneo, na situação atual em que nos
encontramos, pelo menos desde a década de 70, ninguém precisará ser bom em
matemática, tampouco entendedor de prognósticos e estatísticas.
Para entender a sinuca de bico na qual todo mundo se encontra, basta
verificarmos o progressivo aumento da população mundial na mesma proporção do
CO₂, isso a cada dez anos, lógico.
Façamos o cálculo, para não haver dúvidas.
Durante a década de 70, a concentração de CO₂ na atmosfera estava em 330
ppm (parte por milhão) e a população mundial era de 3,85 bilhões de
habitantes. Dez anos depois, ou seja, durante a década de 80, a
população mundial chegou a 5 bilhões de habitantes e o CO₂ na marca de 351
ppm.
Durante a década de 90, mais dez anos depois, a concentração de
CO₂ subiu para 367 ppm e a população já havia ultrapassado 6 bilhões de
habitantes no planeta.
Passados mais dez anos, novamente, já na primeira década do terceiro
milênio, a concentração de CO₂ elevou-se para 396 ppm e a população mundial
para além de 7 bilhões de habitantes.
Bom, agora estamos na década de 20 do primeiro século do terceiro
milênio. Sim, 2023, para ser mais exato no tempo. Pois bem, durante esta
segunda década, em questão, a concentração de CO₂ já beira os 425 ppm e a
população mundial em cerca de 8 bilhões de habitantes.
Portanto, da década de 70 (segundo milênio) até a década de 20 (terceiro
milênio) se passaram apenas 50 anos. Na verdade, um gigantesco estrago no
planeta em curto espaço de tempo, isso sem se considerar o avanço sistemático a
partir da revolução industrial como referência de escala para uma análise mais
profunda dos cálculos científicos e históricos na linha do tempo global desse
desenvolvimento.
Tudo bem, antes até havia desastres naturais de grandes proporções.
Inclusive, dos tempos remotos se têm notícias históricas do fim de
civilizações. São séculos e séculos de transformações, porém, eram mudanças que
sucediam lentamente, com largo distanciamento, umas das outras. De uns tempos
para cá, entretanto, ultimamente não tem sido mais assim.
A cada dez anos, por exemplo, o clima do planeta vem se
alterando alarmantemente. Muitas catástrofes vêm se somando e acontecendo com
seguida frequência e maior intensidade, em todo o planeta. Todavia, hoje
sabemos que não são mais causas exclusivamente naturais. Indiretamente, o ser
humano está por trás.
De fato, isso nos faz refletir seriamente. Estamos vivendo uma época de
grandes responsabilidades com o que deixaremos para o futuro. Isso nos faz
refletir, seriamente. De fato, estamos numa época de grande responsabilidade
com o que deixaremos para o futuro.
https://www.ihu.unisinos.br/590610
https://static.poder360.com.br/2022/11/wpp2022_summary_of_results.pdf