A MULHER TEM QUE SE SUBMETER AO HOMEM.
Calma. Não fui eu quem disse isso, foi a bíblia (segundo o
ex-procurador-geral da lava jato), mas prefiro não citar o nome dele, até porque todo
mundo sabe de quem estou falando.
Bem, pra começo de conversa, usar a bíblia como uma fonte de autoridade para
justificar a opressão às mulheres, na verdade, é ignorar que existem outras
interpretações e contextos históricos e culturais que influenciam a leitura dos
textos sagrados, inclusive mais recentemente.
Obviamente, nesse caso, pressupõe-se que o homem tem o
direito de mandar na mulher e que ela deve obedecer sem questionar, negando sua
autonomia e dignidade como ser humano.
Seria o mesmo, por exemplo, associar a lavagem da louça (o
próprio verbo remete a isso) como uma tarefa exclusivamente da mulher,
reforçando os estereótipos de gênero que atribui ao homem o papel de ser o
provedor e à mulher o de cuidadora recatada do lar.
Bem, na verdade, esta afirmação é falsa, visto que, hoje,
também é muito comum a função de lava-pratos, do sexo masculino, em cozinhas
profissionais. Aliás, voltando aos tempos bíblicos, convenhamos, nem existia
essa profissão, não é mesmo?
Sendo assim, ele está desrespeitando a vontade e o
consentimento da própria mulher, impondo-lhe especificamente uma obrigação que,
neste caso, não seria compartilhada pelo homem de modo algum, portanto,
violando a sua liberdade e igualdade, também.
Enfim, trocando em miúdos, isso é uma interpretação
distorcida da bíblia e uma forma de opressão contra as mulheres.
E já que lavar louça é uma tarefa doméstica, na qual deve
ser compartilhada por todos que moram em uma casa, independentemente do gênero,
nesse caso, então, ele deveria parar de usar a religião como desculpa por ser
preguiçoso e machista.
Portanto, para deixar tudo em pratos limpos, ele deveria
lavar mais a louça, porque lavar a corrupção — vamos combinar — não deu muito
certo não, foi uma total enganação!
DCM-Entrevista com Pedro Serrano