PESADELO MADE IN BRAZIL




























Derrame de óleo no mar. Desmatamentos empilhando caminhões de madeiras. O fogo ardendo as matas verdejantes. Pau-Brasil é coisa do passado, isso lá em 1500. Agora é Torresmo de bichos silvestres assados no carvão da mata deitada. Crateras de minério imitando meteoros de Lua sobre a Terra plana. Montanhas inteiras roubadas à luz do dia. Desabamentos de chão asfaltado engolindo fatias de estradas. Rios lamacentos afogando bairros, cidades. Enquanto isso, o vírus adora o festerê maravilhado, empolgado, abraçando aglomerações de seguidores abestalhados. Ambientalistas são assassinados. Hospitais cada vez mais lotados. Enfermeiras chorando pelos corredores, médicos desesperados, tristeza em cada olhar. No mais, está tudo bem. A infâmia, o escárnio, a mentira, o escândalo, o ridículo, todos a caminho dos bueiros, arrastando a verdade pelos cabelos. E os urubus, por enquanto, de asas recolhidas, em repouso, todos eles amontoados às bordas dos altos prédios, em silêncio fúnebre, somente aguardam pacientemente o desenlace dos vermes florescer. Mas, espera, não se afobe, ainda tem alguém ali na esquina assobiando Aquarela do Brasil. Será outro tresloucado, alienado, ou será outro pobre esperançoso, resistindo…