COPACABANA NO COMEÇO ERA ASSIM



Ontem, 6 de julho de 2022, o bairro de Copacabana completou 130 anos de existência. Antes de se transformar no famoso bairro que hoje conhecemos, era um lugarejo muito tranquilo, que na língua Tupi se chamava Sacopenapã  o caminho de socós. 


Socó
é nome de um pequeno passarinho que passa o dia inteiro se alimentando de larvas de camarões e moluscos, na beira da praia, e formigas do bosque, quando se embrenha mais para dentro da mata; por isso, os indígenas chamavam essa região com este nome porque ali era um ótimo paraíso às famílias de socós, ali viviam só de boa, só de sombra e água fresca, reproduzindo-se em abundância. 

Hoje, porém, tanto Socó como Sacopenapã, não existe mais, pelo menos na Copacabana que hoje acontece; obviamente, isso dada a invasão dos colonizadoes e mais tarde a especulação imobiliária ao longo dos anos, de modo que esta espécie de ave precisou buscar novos refúgios mais distantes e mais sossegados por entre outras restingas litorâneas da mata atlântica. De qualquer modo, o passarinho anda cada vez menos sendo encontrado nos bosques à beira-mar, tal a ameaça de extinção, mas podendo ainda ser encontrado nas regiões de Saquarema, Búzios e na restinga de Massabamba

Pois é, Copacabana no começo era assim. Na verdade, mesmo, começou a mudar desde o período colonial da Espanha e Portugal, quando Sacopenapã também passou a ser chamado de Copacabana, que na língua dos povos Incas significa Um lugar luminoso. Ganhou esse nome em homenagem a Nossa Senhora de Copacabana, a santa padroeira na Bolívia. 



A imagem da santa foi esculpida por um indígena (educação cristã) da nação remanescente do povo IncaA imagem foi trazida por comerciantes bolivianos, então os pescadores ergueram uma capelinha no alto do rochedo em sua homenagem. 

Pois bem, o local ficou muito popular, havendo inclusive romarias, isso porque o bispo dom Antonio Desterro foi salvo de um naufrágio enquanto rezava à santa por sua vida. Em homenagem a ela, em 1746, mandou construir uma igreja no lugar da modesta capelinha elaborada pelos pescadores. 



Nessa época, aliás, já havia muitas minas de prata por toda a América do Sul. Evidentemente, a igreja fora beneficiada através da exploração desse precioso minério e do comércio espalhado em todo continente. porém, isso não aconteceu com os povos indígenas dada ao estrago causado à natureza, tanto que acabaram por imitar os socós, refugiando-se para os locais mais distantes também.

Imagem do Acervo Aryon Rodrigues.


Aliás, com o passar dos anos, nem a igreja resistiu ao crescimento. Em 1914 ela acabou sendo demolida para dar lugar ao Forte de Copacabana. 



Hoje, o pacato paraíso de Sacopenapã se transformou no bairro internacionalmente mais conhecido e mais populoso do Brasil. Na verdade, mesmo, acabou se transformando num verdadeiro formigueiro de prédios e pessoas. Enfim, Copacabana tem muitas histórias, tem muitas magias, lendas, atrações, basta digitar este nome no Google para saber e descobrir algo mais.


  
“Copacabana, o mar eterno cantor/ Ao te beijar ficou perdido de amor/E hoje vive a murmurar só a ti/ Copacabana eu hei-de amar”, cantava o músico e poeta Tom Jobim à beira do mar.

Arte Demys Brandão by Agência Senado