18 de jul. de 2025

A ARTE DE AFUNDAR O PRÓPRIO BARCO

 
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A Arte de Afundar o Próprio Barco.

 

Há uma certa maestria perversa em como alguns governos parecem especialistas em cavar o próprio buraco, e depois se surpreenderem quando caem nele. A sobretaxação de Trump às exportações brasileiras, anunciada para agosto, não chega a ser um raio em céu azul. É mais um capítulo previsível duma novela escrita com tintas de irresponsabilidade e interesses escusos.

 

Lembro-me, não sem amargura, do governo anterior. Enquanto o ex-presidente brincava de negacionista e Moro distribuía sentenças como se fossem panfletos, o país afundava. Mais de 700 mil mortos pela Covid, muitos deles vítimas do atraso criminoso na vacinação. As empreiteiras, estranguladas por bloqueios econômicos, levaram junto empregos e sonhos. A Petrobrás, entregue aos ventos do mercado, virou um poço sem fundo para o bolso do trabalhador.

 

Agora, o filho do mesmo ex-presidente, Eduardo Bolsonaro, decide fazer turismo conspiratório nos EUA, alimentando teorias que só servem de munição para Trump. O resultado? O magnata americano, sempre ávido por um 'bode expiatório', usa o Brasil como alvo fácil. A taxa de 50% sobre nossas exportações não é só um golpe no agronegócio, mas o preço de uma diplomacia feita de improviso e servilismo.

 

É irônico. O mesmo governo que abraçou Trump como ídolo agora leva um chute do herói. O mesmo time que condenou o país ao caos sanitário e econômico agora assiste, de camarote, a mais uma crise que poderia ter sido evitada.


No fim, a lição é clara: quando se governa para interesses escusos, sejam eles de juízes midiáticos, milicianos ou adoradores de lunáticos estrangeiros, o preço sempre vem. E quem paga, como sempre, somos nós. 


Isso precisa mudar, realmente. 😐


DCM/youtube.

UOL (RECORTE)

Mídia Ninja (recorte)




RAZÃO E SENTIMENTO


Razão e Sentimento: A Alma de Jane Austen. 



Em um mundo onde as mulheres eram esperadas somente para sentir, Jane Austen ousou pensar e escrever. Com uma pena afiada e um coração atento, ela desenhou personagens que, embora confinadas pelas convenções do século XIX, transbordavam humanidade. 

Em Razão e Sensibilidade, Austen nos apresenta Elinor e Marianne Dashwood, duas irmãs que encarnam o eterno conflito entre lógica e emoção. Elinor, com sua compostura e prudência, representa a razão. Marianne, com sua paixão e impulsividade, é a sensibilidade em carne viva. 

Mas Austen, com sua ironia sutil e olhar compassivo, não toma partido. Ela nos mostra que viver exige ambos: o cálculo e o risco, o silêncio e o grito. A crônica da vida de Jane Austen é, ela mesma, uma dança entre esses polos. 

Sem grandes escândalos ou romances arrebatadores, sua existência foi marcada por observação, introspecção e escrita, uma forma de resistência silenciosa. Em tempos em que o destino feminino era o casamento, Austen escolheu a literatura como sua aliança mais duradoura. 

Século após século, suas palavras continuam a nos tocar. Porque, no fundo, todos somos um pouco Elinor e Marianne tentando equilibrar o que sentimos com o que sabemos. E é nesse delicado balanço que Jane Austen permanece viva.









11 de jul. de 2025

SEMPRE AS DESCULPAS

Ilustração-Vilkasss-elderly-Pixabay


Sempre as ‘Desculpas’.


Estava no banco da praça, o rádio sussurrando notícias entre estatística e vento. Mais uma tarifa de Trump, desta vez contra o Brasil. Os passarinhos não se importaram, mas eu ouvi. Sempre ouço.

Ele não inventou nada. Só pegou o velho argumento da anistia, embrulhou na bandeira verde-amarela e vendeu como mais uma novidade. Depois veio o aço, a segurança nacional, o déficit. Sempre uma desculpa, sempre alguém pra culpar. Um homem assim não tem amigos, só alvos.

Os brasileiros que o veneram deveriam abrir os olhos. Ele taxou europeus, chineses, canadenses… até os que se ajoelharam diante dele. Ninguém escapa. Ninguém. Se pudesse, cobraria imposto do sol que nasce no Leste.

Mas o pior não é o dinheiro que some. É a fé que sobra. Acreditar que ele faz isso por honra, por América First, ou é ingenuidade, ou estupidez. Ele faz porque é negócio. E negócio, para um homem desses, não tem bandeira, acredite.

Desliguei o rádio. Os passarinhos continuaram, indiferentes. Olhei o céu. Choverá amanhã? Não sei. Aqui no Sul isso também se tornou preocupação. No fim, como sempre, a conta chega. E quem paga somos nós… sempre as mesmas desculpas.




19 de jun. de 2025

A ÚLTIMA PEDRA

 
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A Última Pedra.

 

O sol nasce. O sol se põe. A Terra gira, como sempre girou. Os cientistas dizem que nosso planeta ainda tem bilhões de anos pela frente, se nada interferir. Mas o homem parece decidido a ser essa interferência.

Vejo as notícias. Homens em salas fechadas apertam botões que podem acabar com cidades inteiras. Falam em estratégia, em defesa, em honra. Mas não falam no silêncio que virá depois. O silêncio dos pássaros que não cantarão mais, dos rios que não correrão, dos filhos que não nascerão.

É como Sísifo. Empurramos a pedra morro acima, suando, praguejando, achando que estamos fazendo algo grandioso. E quando quase chegamos ao topo, ela rola de volta. Guerra. Paz. Guerra outra vez. Sempre a mesma pedra, sempre o mesmo suor inútil.

Os oceanos continuam lá. As montanhas também. O céu, por enquanto, não caiu. Mas há homens que parecem ansiosos para derrubá-lo.

Talvez a Terra sobreviva a nós. Quem sabe, talvez, quando nossa espécie já tiver virado pó, o planeta continue girando, indiferente. O sol nascerá. O sol se porá. E não haverá ninguém para ver.

É uma crônica triste, sim, mas crônicas tristes também precisam ser contadas... enquanto ainda há tempo. 




13 de jun. de 2025

O VELHO ÓDIO

 


O Velho Ódio

 

Os sóis caem sobre Tel Aviv como brasas no olho do deserto. Netanyahu fica à janela, o rosto talhado em sombras duras, os olhos, dois pedaços de carvão acesos. Tem as mãos calejadas de tanto apertar gatilhos invisíveis, de tanto assinar ordens que chegam a Gaza como trovões de chumbo.


"Eles nos oprimem", diz ele, baixo, para os fantasmas que o rodeiam. "Os persas, os árabes, o mundo inteiro nos oprimem."


Mas o vento que vem do mar traz o cheiro de pólvora e sangue, e as paredes do seu gabinete murmuram nomes em hebraico e árabe, todos iguais: mortos, mortos, mortos, e mais mortos no fim.


Lá fora, as ruas de Gaza são um tapete de escombros, e pais cavam com as mãos nuas entre os destroços, buscando os filhos que o fogo de Netanyahu engoliu. Quem oprime quem? O velho líder sabe a resposta, mas a enterra fundo dentro de si, como um soldado enterra a baioneta na terra molhada depois da batalha.


"Se não dominarmos o Oriente Médio, eles nos dominarão", pensa, enquanto acaricia o mapa como quem afia uma faca. Mas os mapas são traiçoeiros — nunca mostram os ossos que os sustentam.


No Irã, os aiatolás, em surdina, olham para o líder de Israel, e dizem: "O monstro que nos justifica." E assim gira essa roda, o sangue alimentando o sangue, o ódio justificando o ódio.


Netanyahu olha para o céu, onde os drones zumbem como moscas sobre a carne podre. Talvez ele sonhe com um império. Talvez só tema o abismo.


Será que ele não sabe que o homem que luta contra as feras pode acabar se tornando uma pior?


No fim, não há vencedores nas guerras eternas. Só sobreviventes, cada vez mais sozinhos, cada vez mais vazios... enquanto isso, o Mediterrâneo, indiferente, continua a levar os corpos para debaixo do chão.


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