QUATRO (CINCO) ANOS DEPOIS

 



Dois incêndios devastadores atingiram dois importantes patrimônios culturais da França e do Brasil: a catedral de Notre-Dame, em Paris, e o Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Ambos os casos geraram comoção (inter)nacional, mas também revelaram as diferenças nas reações e nas ações dos governos dos dois países. 












A catedral de Notre-Dame foi parcialmente destruída por um incêndio em 15 de abril de 2019. O fogo consumiu o telhado e o pináculo da igreja gótica, que data do século XII e é um dos símbolos da capital francesa. 

O presidente Emmanuel Macron declarou na época que a catedral seria reconstruída em cinco anos, e que o projeto respeitaria o estilo original da construção. 

Dois anos depois do incêndio, a catedral está finalmente pronta para ser reconstruída. Segundo a agência DW, as obras de consolidação da estrutura foram concluídas em agosto de 2021, e agora começam os trabalhos de restauro do telhado e do pináculo. 

A Notre-Dame será reconstruída exatamente como era antes do incêndio. Para o restauro do pináculo, porém, cerca de 1.000 árvores já foram derrubadas, o que gerou críticas de ambientalistas. 

O Museu Nacional, por sua vez, foi completamente consumido pelas chamas em 2 de setembro de 2018. O incêndio destruiu cerca de 90% do acervo do museu, que era o mais antigo e um dos mais importantes do Brasil. Entre as perdas estão fósseis, múmias, artefatos indígenas e o crânio de Luzia, a mulher mais antiga das Américas. 

Um detalhe: antes da tragédia, peritos já haviam alertado dos riscos.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, na época do incêndio, minimizou a tragédia e questionou o que ele poderia fazer a respeito, declarando em uma entrevista em 2019: “Já pegou fogo, quer que eu faça o quê?". 

Segundo o jornal Correio Brasiliense, três anos depois do incêndio, o Museu Nacional ainda está longe de ser recuperado. Apenas 10% das obras de reconstrução foram concluídas, e há falta de recursos financeiros e humanos para dar continuidade ao projeto. 

Os dois casos mostram como a preservação do patrimônio cultural é tratada de forma diferente pelos governos da França e do Brasil. 

Enquanto a catedral de Notre-Dame recebeu apoio financeiro e político para ser restaurada em um prazo curto, o Museu Nacional enfrenta dificuldades para se reerguer e recuperar parte da memória nacional perdida no fogo.