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A Crise de Tolstói e a Nossa.

Sua crise existencial, descrita no livro Uma Confissão, é um espelho para os nossos tempos. Ele viu sua fé e seus ideais se corromperem em ambição e violência, descrevendo o círculo de intelectuais de sua época como um “hospício” de falsas verdades.
Hoje, vemos esse mesmo hospício na retórica de líderes como Netanyahu e Trump. Eles se apoiam em discursos de fé e civilização, enquanto suas ações promovem a aniquilação em Gaza. A religião, em suas mãos, torna-se um escudo para a brutalidade, uma justificativa para o poder.
Tolstói ilustrou seu desespero com a parábola de um viajante pendurado sobre um abismo, agarrado a um galho que está sendo roído por ratos, com o dragão da Morte esperando logo abaixo. Os habitantes de Gaza vivem essa parábola todos os dias, agarrados aos escombros de suas vidas, enquanto a geopolítica e a guerra devoram sua esperança.
Cansado da “tolice” da sabedoria de seu círculo de “parasitas”, Tolstói buscou a verdade no povo simples, que encontrava sentido na vida apesar da miséria. Ele percebeu que a verdadeira fé é a força que impede o ser humano de se destruir.
No entanto, ele não conseguiu abraçar a religião de seu povo por uma razão crucial: a hipocrisia. A Igreja que ele via justificava a guerra e o “assassinato”, tratando todos os que pensavam diferente como inimigos.
Essa é a confissão de nossos tempos. Quando a fé é usada para santificar a violência e desumanizar o outro, ela se torna a mentira que Tolstói rejeitou. A crise dele nos força a encarar a nossa: estamos do lado da retórica do poder ou da verdade do sofrimento humano?