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A Última Pedra.
O sol nasce. O sol se põe. A Terra gira, como sempre girou.
Os cientistas dizem que nosso planeta ainda tem bilhões de anos pela frente, se
nada interferir. Mas o homem parece decidido a ser essa interferência.
Vejo as notícias. Homens em salas fechadas apertam botões
que podem acabar com cidades inteiras. Falam em estratégia, em defesa, em
honra. Mas não falam no silêncio que virá depois. O silêncio dos pássaros que
não cantarão mais, dos rios que não correrão, dos filhos que não nascerão.
É como Sísifo.
Empurramos a pedra morro acima, suando, praguejando, achando que estamos
fazendo algo grandioso. E quando quase chegamos ao topo, ela rola de volta.
Guerra. Paz. Guerra outra vez. Sempre a mesma pedra, sempre o mesmo suor
inútil.
Os oceanos continuam lá. As montanhas também. O céu, por
enquanto, não caiu. Mas há homens que parecem ansiosos para derrubá-lo.
Talvez a Terra sobreviva a nós. Quem sabe, talvez, quando nossa espécie já tiver virado pó, o planeta continue girando, indiferente. O sol nascerá. O sol se porá. E não haverá ninguém para ver.