
Ilustração-Pixabay (MarianaNistor35)
O MURO INVISÍVEL

O Custo da Política Anti-Imigrante de Trump.
Era uma vez um muro. Não um muro qualquer, mas um muro que, antes mesmo de ser construído, já dividia opiniões, sonhos e economias. Este muro, idealizado por Donald Trump durante sua presidência, não era feito apenas de concreto e aço, mas de ideias, medos e promessas. E, como todo muro, tinha dois lados: de um, a promessa de segurança e prosperidade; do outro, o risco de isolamento e perda. Mas o que muitos não perceberam é que esse muro, invisível e intangível, começou a ser erguido muito antes de qualquer trator tocar o solo. E seu impacto econômico? Bem, esse já estava em construção.
Trump, com sua retórica afiada e seu slogan “América First”,
promete proteger os empregos dos americanos, fechar as fronteiras e renegociar
acordos comerciais. A imigração, especialmente a ilegal, tornou-se o bode
expiatório perfeito para problemas complexos como a estagnação salarial e o
desemprego em certas regiões. Mas, ao mirar os imigrantes, Trump não apenas
levanta bandeiras políticas xenofóbicas, mas também cria um arriscado experimento de esvaziamento econômico de
proporções gigantescas.
Os imigrantes, como sabemos, são mais do que mão de obra
barata. Eles são empreendedores, consumidores, pagadores de impostos e, muitas
vezes, os protagonistas invisíveis da economia americana. Segundo estudos,
imigrantes contribuíram com bilhões de dólares para o PIB dos Estados Unidos
nas últimas décadas. Eles estão nas cozinhas dos restaurantes, nos canteiros de
obras, nos laboratórios de pesquisa e até nas salas de aula. Mas, com a
política Anti-Imigrante de Trump, esse fluxo vital começou a diminuir.
O primeiro impacto sentido é o setor agrícola. Fazendas
que dependem de trabalhadores imigrantes, muitos deles indocumentados, irão ver suas colheitas murcharem antes mesmo de serem colhidas. O tomate fica mais
caro, o leite também, e o sonho de uma América autossuficiente em alimentos pode começar a parecer cada vez mais distante. Os agricultores, muitos deles
apoiadores de Trump, começarão a questionar: “Quem vai colher nossas frutas e
vegetais se os imigrantes forem embora? ”
Mas o problema não termina aí. A indústria de tecnologia,
outro pilar da economia americana, também sentirá o baque. Muitas das mentes
mais brilhantes do Vale do Silício são imigrantes. Eles fundaram empresas como
Google, Tesla e Microsoft. Com as restrições aos vistos de trabalho, muitas empresas começarão a levar seus escritórios para o Canadá ou a
Índia, ou onde as políticas de imigração são mais amigáveis. O resultado? Menos
empregos, menos inovação e menos impostos para os cofres americanos.
E o que dizer do turismo com seus setores de serviços gerais, auxiliares? Sim, como restaurantes, hotéis, ou até mesmo hospitais que dependem fortemente de trabalhadores imigrantes... Com menos imigrantes, os custos de contratação aumentam, os preços de salários sobem e também a qualidade do serviço cai. O consumidor médio, aquele mesmo que aplaudiu as políticas de Trump, começa a sentir o peso do muro invisível no bolso, não é mesmo?
Mas talvez o impacto mais insidioso será no espírito
empreendedor dos Estados Unidos. Imigrantes são, por natureza, arrojados. Eles
deixam seus países em busca de oportunidades, e essa coragem muitas vezes se
traduz em novos negócios. Com menos imigrantes, o país perde não apenas
trabalhadores, mas também sonhadores. E, sem sonhos, uma economia pode até
crescer, mas dificilmente prospera.
O muro de Trump, seja ele físico ou ideológico, acabará se
tornando um símbolo de uma economia em conflito consigo mesma. Ao tentar
proteger o país de supostas ameaças externas, ele pode estar criado uma ameaça
interna muito maior: o risco de isolamento econômico. E, como todo muro não apenas separa, divide, nesse caso também esconde e divide a complexidade da economia da
interdependência global e que, no fim das contas, todos nós estamos do mesmo lado, não há como separar.
Assim, a crônica do muro invisível nos ensina uma lição
valiosa: em um mundo conectado, erguer barreiras pode ser mais caro do que
derrubá-las. E, enquanto o muro de Trump continua a ser discutido, seu impacto
econômico já está escrito nas entrelinhas da história. Resta saber se, no
futuro, ele será lembrado como uma solução ou como um problema ainda maior.
Pense bem nisso, afinal, historicamente falando, pelo menos nas ideias e revoluções culturais, os norte-americanos nunca levaram jeito de ser uma nação excessivamente retrógada.