
Ilustração-Pixabay-Kyraxys
A Memória da Arte Em Morro Grande

20 de janeiro. Morro Grande, mais uma vez, me acolhe em seus
braços silenciosos. A noite, um concerto de sapos e grilos, me embala em um
sono profundo. A manhã, um despertar suave com o canto dos pássaros. Uma rotina
pacata da vida no interior.
Mas hoje, algo diferente se instalou em meu ser. Uma lembrança
distante, um sonho vívido, me transportaram para um tempo e lugar completamente
distintos: o Rio de Janeiro dos anos 70 e 80. E, de repente, como um raio
luminoso, me vi em 1949, presenciando a primeira exposição de Arte Moderna na
Cidade Maravilhosa.
A sensação era surreal. Aquele jovem de 1949, com olhos
brilhantes de curiosidade, era eu. Caminhava pelas salas do museu, maravilhado
com as cores vibrantes, as formas inusitadas e a ousadia das obras. Era um
mundo novo se abrindo diante de mim, um universo de possibilidades artísticas
que desafiava tudo o que eu conhecia.
Aquele sonho me fez refletir sobre a força da arte para
transcender o tempo e o espaço. Aquele jovem de 1949, assim como eu hoje,
buscava em cada pincelada, em cada escultura, um sentido para a vida, uma forma
de expressar sua individualidade e de se conectar com o mundo.
Morro Grande, com sua tranquilidade, e o Rio de Janeiro dos
anos 70 e 80, com sua efervescência artística, são apenas dois pontos em uma
longa jornada. A arte, presente em todas as suas manifestações, é o fio
condutor que une esses momentos tão diferentes.
Ao acordar hoje, com a memória daquele sonho ainda viva,
senti uma profunda gratidão pela vida. A possibilidade de conectar-me com o
passado, de vivenciar novas experiências, mesmo que em sonhos, me faz perceber
o quanto somos ricos em possibilidades.
A arte, afinal, é a linguagem universal que nos permite
transcender as barreiras do tempo e do espaço, conectando-nos com outras
pessoas, com outras culturas e, principalmente, conosco mesmos. E é nesse
encontro íntimo com a arte que encontramos sentido, beleza e inspiração para
seguirmos em frente.
Em Morro Grande, no silêncio da natureza ou no tumulto da
cidade grande, a arte sempre estará presente, pronta para nos surpreender e nos
transformar.