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Ilustração-Pixabay-lisaleo |
O ESPETÁCULO DA BARBÁRIE.
Estava em Florianópolis, distante do quebra-quebra, mas a TV
me teletransportava para o epicentro do caos. Brasília, a cidade planejada,
agora era palco de um espetáculo grotesco, uma luta livre onde as instituições
eram os lutadores e o povo, o público frenético, enlouquecido.
Lembro-me de quando estive lá, nos tempos do FHC. Uma multidão
vibrante, mas pacífica, que clamava por mudanças. As ruas pulsavam com a
energia da democracia, uma semente de esperança plantada no coração daqueles
que queriam um futuro melhor. Mas o que via agora era a perversão daquela
utopia.
A cena era grotesca, como um filme de terror de segunda
categoria, uma exposição de vandalismo e hipocrisia. Os prédios, antes símbolos
de poder, agora pareciam feridos de morte, sem poder reagir aos sucessivos
golpes recebidos. A multidão, antes pacífica, agora era uma horda selvagem,
destruindo tudo o que encontrava pela frente. E a polícia, os militares, em vez
de proteger, parecia mais um ator coadjuvante nesse drama ultrajante.
A cada imagem, sentia um aperto no peito. Não era apenas a
destruição material que me revoltava, mas a degradação moral. Aqueles que se
diziam defensores da pátria agora a destruíam por dentro. Sim, a hipocrisia,
essa velha conhecida, exposta em sua forma mais sórdida e crua.
A lembrança daquela manifestação pacífica em Brasília me servia de contraponto. Aquele dia, havíamos mostrado que era possível lutar por nossas ideias sem recorrer à violência. Mas o que víamos agora era a negação de tudo aquilo em que acreditávamos. Isso não era democracia, era o espetáculo da barbárie em franca folia destrutiva.
<Dois anos do 8 de janeiro: Imagens inéditas relembram terror>