15 de nov. de 2024

O TEMPO ROUBADO NO (6x1)

 

img ilustração Pixabay

O Tempo Roubado no (6X1).

Desde os primórdios da civilização, o trabalho tem sido uma constante na vida humana. Na antiguidade, a escravidão impunha jornadas exaustivas sem qualquer direito. Na Idade Média, o servo da gleba estava preso à terra, entregando a maior parte de sua produção ao senhor feudal. Com a Revolução Industrial, as fábricas surgiram como verdadeiros monstrengos, engolindo homens, mulheres e crianças em jornadas intermináveis e condições degradantes.

No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) representou um avanço significativo, garantindo direitos como férias, 13º salário e jornada de trabalho de 44 horas semanais. No entanto, a proposta de aumentar a jornada para 60 horas semanais, com apenas um dia de descanso, nos retrocede a uma época que acreditávamos ter superado.

A jornada de trabalho não é apenas um número em um contrato. É tempo de vida, tempo que poderia ser dedicado à família, aos amigos, à cultura, ao lazer, à educação. É tempo para recarregar as energias, para cuidar da saúde física e mental. Ao aumentar a jornada de trabalho, estamos roubando esse tempo precioso, condenando milhões de pessoas a uma vida de exaustão e alienação.

Imagine um trabalhador que sai de casa às 6h da manhã e retorna às 22h. Ele terá apenas algumas horas por dia para realizar todas as suas atividades. Como ele poderá cuidar dos filhos, levar os mais novos para a escola, preparar as refeições, fazer as tarefas de casa? Como ele poderá encontrar tempo para se dedicar a seus hobbies, para ler um livro, para assistir a um filme? Como ele poderá participar da vida comunitária, votar, exercer sua cidadania?

A falta de tempo livre tem consequências sérias para a saúde física e mental. O estresse crônico, a insônia, a ansiedade e a depressão são apenas algumas das doenças relacionadas ao excesso de trabalho. Além disso, a falta de tempo para o lazer e a cultura empobrece a vida das pessoas, limitando suas experiências e suas possibilidades de desenvolvimento pessoal.

É preciso lembrar que o trabalho não é um fim em si mesmo, mas um meio para se alcançar uma vida digna. Uma vida com tempo para tudo aquilo que faz de nós seres humanos: amar, aprender, sonhar, criar. Ao defender a redução da jornada de trabalho, estamos defendendo a qualidade de vida de todos nós.

Aumentar a jornada de trabalho não é a solução para os problemas econômicos do país. É preciso investir em educação, em ciência e tecnologia, em infraestrutura. É preciso criar um ambiente de negócios mais justo e competitivo, que incentive a inovação e a geração de empregos de qualidade.

A jornada de trabalho de 60 horas semanais é um retrocesso. É um ataque aos direitos dos trabalhadores e à dignidade humana. É hora de dizer não a essa proposta e de lutar por um futuro em que o trabalho seja uma fonte de realização e não de sofrimento.

Em resumo, a proposta de aumentar a jornada de trabalho para 60 horas semanais representa um retrocesso histórico, com impactos negativos na saúde física e mental dos trabalhadores, além de limitar suas oportunidades de desenvolvimento pessoal e social. É fundamental defender a redução da jornada de trabalho e investir em políticas públicas que promovam a qualidade de vida e o bem-estar da população.


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Imagine, aqui não entrou nem o ‘Tempo (já) Roubado’ da aposentadoria! 

A propósito... em que século estamos, mesmo?