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Img Museu Varig |
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img acervo do autor |
Em 1976, quando iniciei na VARIG, a empresa já era um símbolo de orgulho nacional, havendo se tornado a maior companhia aérea da América Latina, conectando o Brasil ao mundo com sua frota imponente e serviço de excelência.
Minha primeira função na empresa foi como despachante de carga. Era um trabalho árduo, mas recompensador. A cada dia, eu aprendia algo novo, desde os meandros da operação aeroportuária até os segredos do atendimento ao cliente.
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A VARIG era mais do que apenas uma empresa; era uma família.
Meus colegas de trabalho se tornaram meus amigos mais próximos, e juntos
compartilhamos alegrias, desafios e sonhos. A empresa investia na formação de
seus funcionários, e eu tive a oportunidade de participar de diversos cursos e
treinamentos que me permitiram crescer profissionalmente.
Naquela época, a VARIG vivia um momento de grande expansão. A empresa incorporava novas aeronaves à sua frota, como os Boeing 707 e 727, e abria novas rotas internacionais para a Europa, África e Ásia. Era um momento de grande entusiasmo e otimismo, e eu me sentia orgulhoso de fazer parte dessa história.
Lembro-me com carinho dos uniformes impecáveis, da comida deliciosa servida a bordo e da hospitalidade inigualável dos comissários de bordo. A VARIG não era apenas uma companhia aérea, era uma experiência completa.
Trabalhar na VARIG na década de 70 foi uma experiência marcante que moldou minha vida profissional e pessoal. A empresa me ensinou a importância do trabalho em equipe, da dedicação e do compromisso com a excelência.
Mais do que um emprego, a VARIG foi uma escola de vida. Ali, eu aprendi a voar alto e a perseguir meus sonhos.
Aos 18 anos, buscando novos horizontes, consegui um emprego como aeroviário no Galeão, ainda chamado na época de Aeroporto Internacional do Galeão. Era um mundo completamente novo para mim, cheio de gente de todos os lugares e histórias para contar.
No meio da bagunça e do corre-corre do aeroporto, eu encontrava um refúgio nos jornais que sobravam do dia. Eram páginas e páginas de notícias, muitas vezes distorcidas pela censura da época, mas que ainda assim me davam um vislumbre do que estava acontecendo no país.
Em momentos de folga, lia avidamente cada linha, buscando entender os meandros da política e da sociedade da época. As notícias de prisões arbitrárias, torturas e desaparecimentos me deixavam indignado, mas também me faziam sentir impotente. O que eu poderia fazer, um simples rapaz da Ilha do Governador, diante de um regime tão poderoso?
Hoje, quando olho para trás, tenho um sentimento de profunda gratidão por tudo que vivi na VARIG. Aquela época foi um período de ouro para a aviação brasileira, e eu tive a sorte de fazer parte dessa história. A VARIG sempre terá um lugar especial em meu coração.