21 de mai. de 2024

A FÚRIA DA NATUREZA CONTRA A NEGLIGÊNCIA HUMANA

 


A fúria da natureza contra a negligência humana.

Desde os primórdios da civilização, a humanidade se viu à mercê das forças da natureza. Terremotos, furacões, inundações e erupções vulcânicas moldaram nosso planeta e nossa história, deixando um rastro de destruição e sofrimento. Mas, se antes esses eventos eram encarados como prova da ira divina ou como forças incontroláveis, hoje, torna-se cada vez mais evidente a responsabilidade humana na intensificação e na frequência dessas catástrofes.

Se por um lado, eventos como o terremoto de Lisboa em 1755 ou a erupção do Krakatoa em 1883 representavam o poder bruto da natureza em sua forma mais devastadora, por outro, eventos recentes como o furacão Katrina em 2005 ou os incêndios florestais na Austrália em 2019 expõem a fragilidade de um sistema ambiental sob constante pressão humana.

O aquecimento global, impulsionado por emissões descontroladas de gases do efeito estufa, intensifica eventos climáticos extremos. Furacões se tornam mais intensos, inundações se alastram com maior rapidez e secas se prolongam por períodos cada vez mais extensos. As geleiras derretem, elevando o nível do mar e ameaçando cidades costeiras. A desertificação avança, devastando áreas agrícolas e deslocando populações.

Mas a ação humana não se limita apenas às mudanças climáticas. Desmatamento desenfreado, exploração predatória de recursos naturais e urbanização desordenada fragilizam os ecossistemas e aumentam a vulnerabilidade das comunidades a desastres naturais. Um exemplo trágico é o rompimento da barragem de Brumadinho em 2019, no Brasil, resultado da negligência e da ganância de grandes empresas mineradoras, e mais recentemente, as inundações no Rio Grande de Sul.

Diante desse cenário alarmante, é crucial reconhecer a nossa responsabilidade como agentes de mudança. Reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa, investir em energias renováveis, proteger as florestas e promover um desenvolvimento sustentável são medidas urgentes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e evitar futuras catástrofes.

Ao mesmo tempo, é necessário fortalecer os mecanismos de prevenção e resposta a desastres. Investir em infraestrutura resiliente, implementar sistemas de alerta precoce e promover a educação ambiental são ações essenciais para minimizar os impactos dos eventos extremos e proteger as populações mais vulneráveis.

A fúria da natureza, outrora vista como uma força incontrolável, agora se revela como um reflexo da nossa negligência e da nossa ganância. Cabe a nós, enquanto espécie, tomar as rédeas do nosso destino e construir um futuro mais sustentável e resiliente, onde possamos viver em harmonia com o planeta que nos acolhe.

Negar a nossa responsabilidade é negar a realidade. Ater-se ao passado e ignorar os desafios do presente é condenar-se a um futuro de sofrimento e destruição. Chegou o momento de agirmos com responsabilidade e urgência, antes que seja tarde demais. A natureza já deu seus avisos. Cabe a nós, agora, escolhermos um caminho diferente.


20 de mai. de 2024

AS QUATRO ESTAÇÕES DE OURO

 

AS QUATRO ESTAÇÕES DE OURO.


Lembro-me como se fosse ontem: a primavera, flores brotando e o aroma inebriante no ar; o verão, dias longos e quentes, perfeitos para a praia, o mar; o outono, folhas amarelas caindo das árvores, criando um belo tapete mágico no chão; o inverno, noites frias, aconchegantes, perfeitas para tomar um chocolate quente e ler um bom livro debaixo dos cobertores, curtindo suspense, emoção.

Era uma época em que tudo funcionava como um relógio, podia-se contar com as quatro estações do ano, nem se precisava de ouro. As plantas sabiam quando florescer, os animais quando migrar e os humanos quando plantar e colher. A natureza era um ciclo perfeito, uma dança harmoniosa entre todos nós.

Mas hoje, ah, hoje... as quatro estações já são uma lembrança cada vez mais distante. O clima enlouqueceu, as temperaturas subiram descontroladamente, tanto as chuvas como as estiagens se tornaram imprevisíveis, sem se saber mais em qual das estações estamos passando de verdade. 

A primavera chega antes do tempo, rápida, doente; o verão é torrencialmente escaldante, o outono seco, embolorado, fétido, estragado; o inverno depende, às vezes intenso, úmido, molhado, às vezes um calor insuportável. As plantas já crescem confusas, perdidas, os animais pressentem o perigo e os humanos já se entreolham desesperados.

Sim, a culpa é nossa, é claro que sim. Poluímos o ar, a água e a terra, e ainda continuamos desmatando florestas, queimando combustíveis fósseis, abrindo gigantescos mares de plantações de soja. Estamos destruindo o equilíbrio da natureza e agora pagando o preço.

Não tenho tantas esperanças de que as quatro estações voltem a existir como eram antes, ficando apenas uma lembrança nostálgica cada vez mais distante, não mais como uma realidade viva e presente. 

Isso porque o ser humano é tolamente teimoso, um estúpido ganancioso voraz. Um dia, quem sabe, sem ter mais o que comer, literalmente conseguirá saborear pratos de moedas de ouro, mesmo que lhe doam os dentes, o estômago, tanto faz, são como pérolas lançadas aos porcos, e da natureza nem sabem o que representa para todos nós, nunca souberam cuidar, preservar...


14 de mai. de 2024

O GAÚCHO E SEU CAVALO: Uma História de Amor e Lealdade

 

Cristiano Teixeira, fotógrafo da Agência Brasil.

O Gaúcho e Seu Cavalo: 

Uma História de Amor e Lealdade.

No coração do pampa gaúcho, onde o vento minuano faz canções e o sol desenha aquarelas no céu, nasce uma conexão ímpar: a do gaúcho com seu cavalo. Mais que um meio de transporte ou ferramenta de trabalho, o equino se torna um confidente, um amigo leal e um símbolo da própria cultura gaúcha.

Desde os primeiros passos na lida campeira, o gaúcho aprende a entender a linguagem do cavalo, a interpretar seus relinches e resfolegadas. Juntos, desbravam as coxilhas, enfrentam o sol escaldante e a geada cortante, construindo laços que transcendem a fala.

O cavalo é o fiel escudeiro do gaúcho em suas aventuras, seja nas tropeadas, nos rodeios ou nas simples cavalgadas pelo campo. É com ele que ele divide alegrias e tristezas, sonhos e conquistas. É nele que encontra força para enfrentar os desafios da vida e a certeza de que nunca estará sozinho.

Essa relação profunda se reflete na indumentária gaúcha, onde o laço e as guascas representam a união entre homem e animal. Na música, nas poesias e nas lendas gaúchas, o cavalo também ocupa lugar de destaque, eternizando essa simbiose única.

Mas nem tudo são flores nessa jornada. Intempéries, doenças e até mesmo a morte podem colocar à prova a força dessa ligação. É nesses momentos que a lealdade e o amor do gaúcho por seu cavalo se manifestam com ainda mais intensidade.

Neste ano (maio de 2024), uma tragédia de proporções épicas atingiu o Rio Grande do Sul. Inundações devastadoras submergiram casas, cidades e sonhos. Em meio ao caos, a imagem do cavalo Caramelo, erguendo-se sobre o telhado de uma casa inundada, se tornou um símbolo de esperança e resistência.

Caramelo, assim como tantos outros cavalos, representa a força e a bravura do povo gaúcho. Sua história, entrelaçada com a da tragédia, serve como um lembrete do amor incondicional que une o gaúcho ao seu cavalo, um amor que supera qualquer obstáculo e se ergue, imponente, mesmo diante da adversidade.

A imagem de Caramelo, banhada pela luz do sol nascente, é um farol de esperança para o Rio Grande do Sul. Um símbolo de que, mesmo diante das maiores dificuldades, o gaúcho e seu cavalo seguirão juntos, construindo um futuro melhor, onde a tradição e o amor se entrelaçam para sempre.


4 de mai. de 2024

O MURO QUE DEU CERTO

 

Muro-img-via-MetSul

O Muro que deu certo. 

O Muro de Contenção das Águas do Guaíba no Centro de Porto Alegre.

Em meio às intensas chuvas que castigam Porto Alegre neste início de maio, o muro de contenção não deixa de ser um símbolo de resistência que se ergue como um escudo protetor da cidade. Imagine, sem ele, o que restaria de Porto Alegre?

Já tendo salvado a capital gaúcha de outros desastres, essa estrutura se torna ainda mais crucial agora, evidenciando a necessidade urgente de modernização e a responsabilidade que recai sobre os políticos não apenas de Porto Alegre, mas de todo o Estado.

Enquanto o muro cumpre seu papel heroico, protegendo vidas e patrimônios, ideias mirabolantes circularam nos corredores do poder, ameaçando a segurança da cidade.

A proposta de demolir o muro para dar lugar a condomínios de luxo à beira do Guaíba, por exemplo, não apenas ignora a grande importância da estrutura, mas também revela uma preocupante falta de senso de responsabilidade com o bem-estar da população.

É imperativo que os políticos do Rio Grande do Sul assumam seu papel de guardiões do Estado e tomem medidas sérias em relação à segurança de todas as cidades que correm riscos climáticos. A modernização das estruturas de contenção, onde necessário, deve ser priorizada, garantindo a capacidade de proteger as cidades de futuras inundações.

Ideias como a demolição de muros para fins lucrativos não podem ser toleradas em um momento de crise ambiental e eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes. A segurança da população deve ser a principal prioridade.

Os tempos são outros, e o clima se altera com maior rapidez. As cidades do Rio Grande do Sul precisam estar preparadas para enfrentar esses desafios, e a modernização das estruturas de contenção é um passo fundamental nesse sentido.

Apelo Aos Políticos do Rio Grande do Sul:

Priorizem a modernização das estruturas de contenção em todas as cidades que correm riscos climáticos. Invistam na atualização das estruturas para garantir a capacidade de proteger as cidades de inundações.

Rejeitem ideias mirabolantes: digam NÃO à demolição de estruturas de contenção para fins lucrativos. A segurança da população deve ser a principal prioridade.

Demonstrem compromisso com o futuro. A modernização das estruturas de contenção é um investimento crucial na segurança e na qualidade de vida de todo o povo gaúcho.


2 de mai. de 2024

O ESPCTADOR SILENCIOSO

 

img-Saydung89-pixabay

O ESPECTADOR SILENCIOSO.

 

Observo, atônito, o mundo que construímos desde os tempos idos. Uma sinfonia caótica de fumaça e concreto se mistura. Até parece que a natureza também chora em silêncio por saber que o futuro se esvai em uma névoa quase imperceptível, assim como também me sinto um mero espectador, mais uma testemunha impotente de um espetáculo macabro que a humanidade encena a si mesma.

Lembro-me da minha infância, quando a brisa sussurrava segredos nas folhas das árvores e o sol aquecia a pele como um abraço materno e acolhedor. A terra era um lar vibrante, cheio de cores e sons, um paraíso onde a vida pulsava em cada canto do mundo... 

Sim, mas com o tempo, essa melodia celestial foi substituída por dissonâncias ensurdecedoras. Ao mesmo tempo, esse mesmo mundo passou a se empolgar com as invenções e com o surgimento das indústrias.

Trocamos a pureza das águas por mares de plástico, o verde-esmeralda das florestas por desertos áridos, o canto dos pássaros pelo rugido dos motores. Descontrolados, continuamos abrindo as feridas na terra, ignorando seus gemidos de dor, agora mais cegos pela ganância e o egoísmo, enfim, quem se importa com isso, deixemos, então, a 'batata quente' nas mãos das futuras gerações…

Sim, sou parte dessa história de sermos mais ágeis, dinâmicos, científicos, mas também sei que sou um minúsculo pontilho alinhavado nesse longo tecido de destruição, mais uma insignificante e minúscula roldana fazendo parte dessa engrenagem maçônica do sistema de consumo. Utilizo os mesmos produtos que poluem, respiro todo esse ar contaminado, e ando pelas ruas asfaltadas sufocando a nossa vida. Sinto-me cúmplice, mais um espectador silencioso que observa o colapso avançando e também fico sem agir, fico apenas observando.

Sei que a minha culpa não apaga o fogo, nem replanta as árvores, nem devolve a vida aos animais extintos. Ela apenas me paralisa, sinto-me anestesiado pela grandeza e conforto da tecnologia e me torno cada vez mais esse observador passivo da tragédia que se desenvolve vorazmente em torno de mim.

Então, consternado, em meio a essa escuridão, a essa penumbra fria, tento buscar uma faísca de esperança jaz apagada dentro de mim. Sinto-me tão-só, tento ainda encontrar pessoas que me resgatem desse esquecimento, dessa letargia de ser apenas um mero espectador.

Talvez elas já estejam até lutando por um futuro melhor, diferente, quem sabe até por um futuro onde a harmonia com a natureza seja imperiosamente importante. Sim, quiçá já estarão plantando árvores, limpando os rios, defendendo os animais, educando todas as crianças sobre a importância do planeta, sim, outro solitário e minúsculo pontilho vagando igualmente nesse imenso tecido do cosmo, como eu, aqui, também, divagando em silêncio, somente tão-somente observando o céu.

Talvez, a culpa que sinto hoje se transforme em uma esperança, amanhã. Pode ser que eu ainda acredite que, um dia, possa enxergar que fui mais do que um mero observador silencioso, que fui parte da busca pela solução, um fio de luz na corrente da mudança. Mesmo que meu ato seja minúsculo, invisível, no entanto saberei que não era somente mais outra parte da engrenagem anterior.

 

 

 

  

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