20 de mai. de 2024

AS QUATRO ESTAÇÕES DE OURO

 

AS QUATRO ESTAÇÕES DE OURO.


Lembro-me como se fosse ontem: a primavera, flores brotando e o aroma inebriante no ar; o verão, dias longos e quentes, perfeitos para a praia, o mar; o outono, folhas amarelas caindo das árvores, criando um belo tapete mágico no chão; o inverno, noites frias, aconchegantes, perfeitas para tomar um chocolate quente e ler um bom livro debaixo dos cobertores, curtindo suspense, emoção.

Era uma época em que tudo funcionava como um relógio, podia-se contar com as quatro estações do ano, nem se precisava de ouro. As plantas sabiam quando florescer, os animais quando migrar e os humanos quando plantar e colher. A natureza era um ciclo perfeito, uma dança harmoniosa entre todos nós.

Mas hoje, ah, hoje... as quatro estações já são uma lembrança cada vez mais distante. O clima enlouqueceu, as temperaturas subiram descontroladamente, tanto as chuvas como as estiagens se tornaram imprevisíveis, sem se saber mais em qual das estações estamos passando de verdade. 

A primavera chega antes do tempo, rápida, doente; o verão é torrencialmente escaldante, o outono seco, embolorado, fétido, estragado; o inverno depende, às vezes intenso, úmido, molhado, às vezes um calor insuportável. As plantas já crescem confusas, perdidas, os animais pressentem o perigo e os humanos já se entreolham desesperados.

Sim, a culpa é nossa, é claro que sim. Poluímos o ar, a água e a terra, e ainda continuamos desmatando florestas, queimando combustíveis fósseis, abrindo gigantescos mares de plantações de soja. Estamos destruindo o equilíbrio da natureza e agora pagando o preço.

Não tenho tantas esperanças de que as quatro estações voltem a existir como eram antes, ficando apenas uma lembrança nostálgica cada vez mais distante, não mais como uma realidade viva e presente. 

Isso porque o ser humano é tolamente teimoso, um estúpido ganancioso voraz. Um dia, quem sabe, sem ter mais o que comer, literalmente conseguirá saborear pratos de moedas de ouro, mesmo que lhe doam os dentes, o estômago, tanto faz, são como pérolas lançadas aos porcos, e da natureza nem sabem o que representa para todos nós, nunca souberam cuidar, preservar...