NOVA AMIZADE

(foto acervo pessoal)


Arrumei companhia enquanto navego na internet. Geralmente é no final da tarde, quando o dia já abana o frescor da brisa na minha janela. Nossa amizade ainda é muito recente. Hoje completam duas semanas. Além disso, nos dois primeiros dias não trocamos ideia nenhuma, nenhuma palavra, exceto aquela conversa de olhar ressabiado, de apenas um ficar olhando a cara do outro em silêncio. Por sorte, durou pouco tempo, é verdade, logo nos sentimos mais à vontade, embora continuasse intrigado com a luz do mouse piscando toda vez que o movia, enquanto clicava meus e-mails. Agora não. Ela agora se acostumou comigo e também com esse ratinho cibernético luminoso. Particularmente, tornamo-nos mais amigos, sem mais fazer cerimônias. Inclusive já estive em sua casa… 

Bem. Foi sem querer, é claro. Puxei o livro da estante e ali estava tirando uma pestana atrás do segundo volume de A Sabedoria da Índia e da China, de Lin Yutang…

Caramba! Falar nisso, agora me dou por conta: tal coincidência não seria um aviso, uma advertência budista? Sim, ‘cada ser vivo em seu devido lugar da natureza divina’. Sábias palavras, apesar da predação biológica da sobrevivência das espécies. Tudo bem. Sei que, falando assim, as pessoas não entenderão o que digo. Para falar a verdade, porém, quem não entende sou eu, evidentemente isso após constatar como pode haver pessoas que sentem nojo ou pavor destas criaturas tão limpinhas. Sim, basta avistar uma delas andando pelas paredes, já lhes provocam sensações esquisitas. Sempre existe quem peça até vassouradas para esmagá-las de vez! Que crueldade. Ora, as lagartixas são completamente inofensivas para nós, aliás, ditos seres humanos racionais do planeta. Além disso, não são moscas, mosquitos, baratas ou outros insetos assustadores, como aranhas ou pequenos escorpiões. Na verdade, quem se assustou foi ela, a lagartixa. Ela dormia tranquilamente no seu esconderijo protegido por muralhas (lar doce lar) dos livros emparedados na estante. Descobri-la ali, no entanto, foi um susto repentino a ela, não a mim. Isso devido ao clarão de luz e não por minha estúpida invasão de privacidade. Logo reconheceu quem era o intruso, então, antes que eu tornasse a fechar o vão, repondo o livro no lugar, ela sorriu, desculpando-me pela intromissão, afinal já nos conhecíamos. 

As lagartixas não são nocivas ao ser humano. Ao contrário, são benéficas por ajudarem a controlar a população de moscas, mosquitos e até baratas. São répteis de pequeno porte. Medem entre 10 e 20 centímetros de comprimento. São inofensivas. Elas são encontradas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Preferem caçar insetos à noite. Evidentemente, vedar frestas e buracos nas paredes e janelas, ou usar repelentes naturais, como óleo de citronela, por exemplo, afasta-as do ambiente. No entanto, lembre-se de que elas são animais benéficos, não há necessidade de eliminá-las, não há por que fazer isso.