
Salvador Dali (Detalhe)
O NATAL NOSSO DE CADA
DIA.

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Salvador Dali (Detalhe) |
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Foto de Vitor Silva (Botafogo) |
Resiliência Alvinegra: O 'Perdedor', enfim, vitorioso!
A Dupla Cidadania Esportiva: Um Hino à Resiliência Alvinegra.
O Rio, essa cidade que tece laços tão fortes,
capaz de transformar um visitante em um apaixonado torcedor. Assim se deu comigo, que, após duas décadas convivendo com a paixão alvinegra,
incorporou a ela a sua alma gremista. Uma dupla cidadania esportiva, que me leva a refletir sobre a força do futebol em moldar identidades e construir
narrativas.
A alcunha de “perdedor” que acompanha o
Botafogo é um fardo histórico, uma sombra que paira sobre a trajetória do
clube. No entanto, quem veste a camisa alvinegra
carrega consigo uma resiliência inigualável. Uma fé inabalável na vitória,
mesmo diante dos obstáculos.
Essa paixão, cultivada ao longo dos anos,
encontra um desfecho emocionante com a conquista da Libertadores. A vitória do
Botafogo, além de ser um marco histórico para o clube, representa a consagração
de uma luta incansável, de uma torcida que nunca desistiu de sonhar.
A minha história se divide entre o ser gremista e o ser botafoguense, um reflexo da paixão do futebol. Um
esporte que nos une, que nos emociona e que nos faz sentir parte de algo maior.
Afinal, a paixão pelo futebol transcende fronteiras, clubes e até continentes.
A conquista da Libertadores pelo Botafogo é um
capítulo à parte nessa história. É a materialização de um sonho, a recompensa
por anos de dedicação e paixão. É a prova de que, mesmo diante das
adversidades, a fé e a persistência podem levar à vitória.
Como tantos outros
torcedores, celebro essa conquista, uma vitória que
transcende os clubes e une todos os que acreditam no poder transformador do
esporte. Um hino à resiliência alvinegra, que ecoa por todo o continente e nos
inspira a seguir em frente, sempre com a esperança de que os nossos sonhos se
realizem.
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img ilustração Pixabay |
O Tempo Roubado no
(6X1).
Desde os primórdios da civilização, o trabalho tem sido uma
constante na vida humana. Na antiguidade, a escravidão impunha jornadas
exaustivas sem qualquer direito. Na Idade Média, o servo da gleba estava preso
à terra, entregando a maior parte de sua produção ao senhor feudal. Com a
Revolução Industrial, as fábricas surgiram como verdadeiros monstrengos,
engolindo homens, mulheres e crianças em jornadas intermináveis e condições
degradantes.
No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
representou um avanço significativo, garantindo direitos como férias, 13º
salário e jornada de trabalho de 44 horas semanais. No entanto, a proposta de
aumentar a jornada para 60 horas semanais, com apenas um dia de descanso, nos
retrocede a uma época que acreditávamos ter superado.
A jornada de trabalho não é apenas um número em um contrato.
É tempo de vida, tempo que poderia ser dedicado à família, aos amigos, à
cultura, ao lazer, à educação. É tempo para recarregar as energias, para cuidar
da saúde física e mental. Ao aumentar a jornada de trabalho, estamos roubando
esse tempo precioso, condenando milhões de pessoas a uma vida de exaustão e
alienação.
Imagine um trabalhador que sai de casa às 6h da manhã e
retorna às 22h. Ele terá apenas algumas horas por dia para realizar todas as
suas atividades. Como ele poderá cuidar dos filhos, levar os mais novos para a
escola, preparar as refeições, fazer as tarefas de casa? Como ele poderá
encontrar tempo para se dedicar a seus hobbies, para ler um livro, para
assistir a um filme? Como ele poderá participar da vida comunitária, votar,
exercer sua cidadania?
A falta de tempo livre tem consequências sérias para a saúde
física e mental. O estresse crônico, a insônia, a ansiedade e a depressão são
apenas algumas das doenças relacionadas ao excesso de trabalho. Além disso, a
falta de tempo para o lazer e a cultura empobrece a vida das pessoas, limitando
suas experiências e suas possibilidades de desenvolvimento pessoal.
É preciso lembrar que o trabalho não é um fim em si mesmo,
mas um meio para se alcançar uma vida digna. Uma vida com tempo para tudo
aquilo que faz de nós seres humanos: amar, aprender, sonhar, criar. Ao defender
a redução da jornada de trabalho, estamos defendendo a qualidade de vida de
todos nós.
Aumentar a jornada de trabalho não é a solução para os
problemas econômicos do país. É preciso investir em educação, em ciência e
tecnologia, em infraestrutura. É preciso criar um ambiente de negócios mais
justo e competitivo, que incentive a inovação e a geração de empregos de
qualidade.
A jornada de trabalho de 60 horas semanais é um retrocesso.
É um ataque aos direitos dos trabalhadores e à dignidade humana. É hora de
dizer não a essa proposta e de lutar por um futuro em que o trabalho seja uma
fonte de realização e não de sofrimento.
Em resumo, a proposta de aumentar a jornada de trabalho para
60 horas semanais representa um retrocesso histórico, com impactos negativos na
saúde física e mental dos trabalhadores, além de limitar suas oportunidades de
desenvolvimento pessoal e social. É fundamental defender a redução da jornada
de trabalho e investir em políticas públicas que promovam a qualidade de vida e
o bem-estar da população.
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img ilustração Pixabay |
Imagine, aqui não entrou nem o ‘Tempo (já) Roubado’ da aposentadoria!
A propósito... em que século
estamos, mesmo?
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Fotografia original do acervo img do autor |
Mas a vida, como se sabe, nem sempre se alinha aos nossos
sonhos. As responsabilidades se acumularam cedo e a necessidade de trabalhar me
afastou um pouco da literatura. Os cadernos, no entanto, continuaram sendo meus
companheiros inseparáveis. Escrevia em qualquer canto, em qualquer momento que
encontrasse um tempinho livre. Eram dezenas de cadernos, todos rabiscados com
letras miúdas e cheios de sonhos.
Naquela época, a tecnologia ainda era um sonho distante. A
máquina de escrever, quando finalmente a adquiri, era um luxo e uma novidade.
Pesada e barulhenta, ela me acompanhou por muitos anos, registrando cada
palavra com o tilintar característico das teclas.
Hoje, com o advento da era digital, a escrita se tornou
ainda mais prazerosa e acessível. Posso criar, editar e publicar meus livros
com apenas alguns cliques. A possibilidade de revisar e atualizar meus textos a
qualquer hora e em qualquer lugar é um privilégio que eu nunca imaginei ter.
Mas, apesar de todas as facilidades que a tecnologia
oferece, ainda sinto uma certa nostalgia pelos cadernos antigos. Aquelas
páginas amareladas, cheias de rabiscos e correções, guardam uma parte
importante da minha história. São testemunhas de uma paixão que nasceu na
infância e que continua viva até hoje.
A escrita é mais do que apenas um hobby para mim. É uma
forma de expressão, uma maneira de compartilhar minhas experiências e
conectar-me com outras pessoas. E, acima de tudo, é uma paixão que me acompanha
desde a infância e que me faz sentir vivo.
Por isso, continuo escrevendo, revisando e aprimorando meus
textos. A cada nova palavra, a cada nova história, sinto a mesma emoção que
sentia quando criança, com a caneta na mão e um mundo de possibilidades à minha
frente.
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Img Ilustração Pixabay |
A memória é um labirinto intrincado, onde guardamos as
preciosidades de nossas vidas. Cada canto, cada curva, cada bifurcação abriga
um fragmento de quem somos, um pedacinho de história que nos moldou. Mas, para
alguns, esse labirinto se transforma em uma névoa densa, obscurecendo os
caminhos e apagando as lembranças. É assim que se manifesta o Alzheimer, um
ladrão silencioso que invade a mente e rouba o passado.
Imagine ter vivido uma vida rica, repleta de experiências e
amores, e de repente, ver tudo se esvair como fumaça ao vento. É como se a
mente se tornasse um livro com páginas em branco, onde antes havia uma
narrativa vibrante. O Alzheimer é um pouco disso: uma doença que apaga as
letras e as palavras, deixando apenas um rastro tênue de quem se foi.
No início, são esquecimentos pequenos, como onde deixou as
chaves ou o nome de um conhecido. Mas, com o tempo, a doença avança e os lapsos
se tornam mais frequentes e mais profundos. A pessoa pode esquecer o rosto de
um filho, o sabor da comida favorita ou até mesmo como realizar tarefas
simples, como tomar um banho ou se vestir.
É uma jornada dolorosa, não apenas para quem sofre da
doença, mas também para os familiares e amigos. Ver um familiar se perder em
sua própria mente é como assistir a um naufrágio em câmera lenta. A cada dia,
um pouco mais daquela pessoa se afasta, deixando para trás um vazio imenso.
No entanto, mesmo diante de um cenário tão desafiador, é preciso manter a esperança. A ciência avança a passos largos, e novas terapias e medicamentos estão sendo desenvolvidos. Além disso, o cuidado e o carinho dos familiares e amigos podem fazer toda a diferença na qualidade de vida do paciente.
Esta crônica, evidentemente, não tem o intuito de informar sobre o mal de Alzheimer — uma profunda névoa que rouba memórias, mas dizer sobre a fragilidade da vida, sobre a importância de cada momento, de cada abraço, de cada palavra dita. É um convite à reflexão sobre como valorizamos nossas memórias e como podemos oferecer apoio e compaixão àqueles que as estão perdendo.