23 de jul. de 2024

O RACISMO PERSISTE

Käthe Kollwitz, The Mothers, 1920

 

O RACISMO PERSITE.

Detroit em Chamas: Uma Crônica dos Distúrbios de 1967.

gettyimage


Em 23 de julho de 1967, a cidade de Detroit se viu envolta em um turbilhão de violência que marcaria para sempre a história americana. Os Distúrbios de Detroit, como ficaram conhecidos, foram um dos piores motins raciais já presenciados nos Estados Unidos, deixando um saldo de 43 mortos, mais de mil feridos e milhares de edifícios destruídos.

Mais do que simples atos de vandalismo, os Distúrbios de Detroit foram a explosão de anos de frustração, ressentimento e desigualdade racial que assolavam a comunidade afro-americana da cidade. A pobreza extrema, a segregação racial, a brutalidade policial e a falta de oportunidades alimentavam um clima de tensão que, com a faísca certa, se transformaria em um incêndio.

A faísca veio na forma de uma batida policial em um bar clandestino frequentado por afro-americanos. A ação, considerada arbitrária e abusiva pela comunidade, rapidamente se espalhou pela cidade, desencadeando uma onda de protestos que logo se transformou em violência.

Durante cinco dias, Detroit se tornou um campo de batalha. Lojas foram saqueadas, prédios incendiados e confrontos entre civis e policiais se tornaram rotina. A Guarda Nacional foi chamada para conter a rebelião, mas a violência só diminuiu após a imposição de um toque de recolher forçado e a chegada de tropas federais.

Os Distúrbios de Detroit foram um choque para a nação americana. Eles expuseram as profundas feridas raciais que dividiam o país e serviram como um lembrete gritante das consequências da negligência e da injustiça social.

Mais do que um evento histórico, os Distúrbios de Detroit servem como uma lição crucial. Eles nos mostram que toda crise tem suas raízes, e que a verdadeira paz só pode ser alcançada quando as causas da desigualdade e da insatisfação forem seriamente abordadas.

A história dos Distúrbios de Detroit é um chamado à ação. É um convite para que construamos uma sociedade mais justa e equitativa, onde todos tenham a oportunidade de prosperar, independentemente de sua raça ou origem social.

Somente através do diálogo, da compreensão e da busca por soluções conjuntas poderemos evitar que tragédias como essa se repitam. A chama de Detroit serve como um farol de alerta, mas também como um símbolo de esperança. Ela nos lembra que o futuro está em nossas mãos, e que cabe a nós construir um mundo onde a violência e a injustiça não tenham lugar.

Diversos eventos semelhantes aos Distúrbios de Detroit de 1967 ocorreram nos Estados Unidos após essa data. Alguns dos mais notáveis incluem:

britannica.com


1968: Revoltas em várias cidades, incluindo Los Angeles, Chicago, Washington D.C. e Memphis, em resposta ao assassinato de Martin Luther King Jr.

1992: Motins em Los Angeles após a absolvição de quatro policiais brancos que espancaram brutalmente Rodney King, um homem negro.

en.wikipedia.org

2014: Protestos em Ferguson, Missouri, após a morte de Michael Brown, um adolescente negro desarmado, pelas mãos de um policial branco.

2020: Protestos em todo o país em resposta à morte de George Floyd, um homem negro morto por asfixia sob o joelho de um policial branco em Minneapolis, Minnesota.

brookings.edu

É importante notar que esses eventos, embora compartilhem algumas semelhanças com os Distúrbios de Detroit, também tiveram suas próprias causas e contextos específicos. No entanto, todos eles servem como lembretes poderosos das tensões raciais persistentes nos Estados Unidos e da necessidade contínua de lutar por justiça e igualdade. 

Além desses eventos mais amplos, muitos outros distúrbios e protestos menores ocorreram ao longo dos anos em comunidades de todo o país. Esses eventos frequentemente são desencadeados por incidentes de brutalidade policial, discriminação racial ou outras formas de injustiça social.

Embora os Distúrbios de Detroit de 1967 tenham sido um evento trágico, eles também serviram como um catalisador para mudanças positivas. As agitações levaram a reformas importantes nas áreas de direitos civis, policiamento e políticas sociais. No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito para alcançar a verdadeira justiça racial nos Estados Unidos. 

img Latuff


O Brasil também tem uma longa história de motins, revoltas e rebeliões, desde os tempos coloniais até os dias de hoje. Estes eventos, muitas vezes motivados por desigualdades sociais, pobreza, falta de oportunidades e insatisfação com o governo, revelam as tensões e conflitos que marcaram a sociedade brasileira ao longo do tempo.

As causas são multifacetadas, variando de acordo com o contexto histórico, social e econômico de cada época, mas sobretudo pelo aspecto do racismo em si, e que tiveram um impacto significativo na sociedade brasileira, levando a mudanças políticas, sociais e econômicas no país.

A análise dos motins e revoltas nos permite compreender melhor as desigualdades e conflitos que persistem na sociedade brasileira até hoje, e assim, buscar soluções para a construção de um país mais justo e igualitário.

A luta por igualdade é uma luta contínua, e é importante que continuemos a nos manifestar contra a injustiça e a trabalhar por uma sociedade mais justa e equitativa para todos.



19 de jul. de 2024

O APAGÃO CIBERNÉTICO GLOBAL

 



O Apagão Cibernético Global.


O mundo presenciou na sexta-feira, 19 de julho de 2024, um evento rompível: um apagão cibernético de proporções globais. Uma falha na plataforma da Microsoft, causada por um defeito em uma atualização de conteúdo para hosts Windows, desencadeou uma onda de instabilidade que impactou diversos setores.

Companhias aéreas: 

Voos cancelados ou atrasados, sistemas de check-in indisponíveis e caos nos aeroportos.

Instituições financeiras:

Operações bancárias paralisadas, impossibilidade de realizar saques e pagamentos online.

Telecomunicações:

Quedas em serviços de telefonia, internet e televisão.

Empresas de diversos portes: 

Dificuldades de acesso a dados e sistemas essenciais, atrasos em operações e prejuízos financeiros.

Embora os serviços tenham sido gradualmente restaurados ao longo das horas seguintes, o apagão cibernético serviu como um lembrete alarmante da nossa dependência da infraestrutura digital e dos riscos inerentes.


Analisando os impactos:


Economia: 

Milhões de dólares em perdas devido à interrupção de atividades e à queda da produtividade.

Reputação: 

Empresas sofreram danos à sua imagem e à confiança dos clientes.

Sociedade: 

Desorganização da vida cotidiana, com impactos na comunicação, na mobilidade e no acesso a serviços essenciais.


Lições aprendidas:


A importância da redundância: 

Sistemas críticos precisam ter backups e mecanismos para garantir a continuidade das operações em caso de falhas.


A necessidade de cibersegurança robusta:

Empresas devem investir em medidas de proteção contra-ataques cibernéticos e garantir a integridade de seus dados.

Planos de contingência: 

É crucial ter planos detalhados para lidar com situações de crise, como apagões cibernéticos, minimizando os impactos negativos.

Cooperação global: 

Governos, empresas e organizações internacionais precisam colaborar para fortalecer a segurança cibernética e reduzir a vulnerabilidade a esse tipo de evento. 

O apagão cibernético de 19 de julho foi destrutivo a comunicação eletrônica, mas também um alerta, uma oportunidade para aprender e aprimorar nossa resiliência digital. Ao investir em infraestrutura robusta, cibersegurança eficaz e planos de contingência bem elaborados, podemos estar mais preparados para enfrentar os desafios futuros do mundo digital.


15 de jul. de 2024

VARIG

 

Img Museu Varig


A Varig foi fundada no dia 7 de maio de 1927, na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Embora o primeiro voo comercial da empresa tenha ocorrido no dia 3 de fevereiro de 1927, ligando Porto Alegre, Pelotas e Rio Grande por meio de hidroaviões, a fundação oficial da empresa se deu apenas alguns meses depois, em 7 de maio.

Img Museu Varig

A partir dessa data, a VARIG se consolidou como uma das principais companhias aéreas do Brasil e da América Latina, conectando o país ao mundo e transportando milhões de passageiros ao longo de sua história.

img acervo do autor

Em 1976, quando iniciei na VARIG, a empresa já era um símbolo de orgulho nacional, havendo se tornado a maior companhia aérea da América Latina, conectando o Brasil ao mundo com sua frota imponente e serviço de excelência.

Minha primeira função na empresa foi como despachante de carga. Era um trabalho árduo, mas recompensador. A cada dia, eu aprendia algo novo, desde os meandros da operação aeroportuária até os segredos do atendimento ao cliente.

img acervo do autor

A VARIG era mais do que apenas uma empresa; era uma família. Meus colegas de trabalho se tornaram meus amigos mais próximos, e juntos compartilhamos alegrias, desafios e sonhos. A empresa investia na formação de seus funcionários, e eu tive a oportunidade de participar de diversos cursos e treinamentos que me permitiram crescer profissionalmente.

Naquela época, a VARIG vivia um momento de grande expansão. A empresa incorporava novas aeronaves à sua frota, como os Boeing 707 e 727, e abria novas rotas internacionais para a Europa, África e Ásia. Era um momento de grande entusiasmo e otimismo, e eu me sentia orgulhoso de fazer parte dessa história.

Lembro-me com carinho dos uniformes impecáveis, da comida deliciosa servida a bordo e da hospitalidade inigualável dos comissários de bordo. A VARIG não era apenas uma companhia aérea, era uma experiência completa.

Trabalhar na VARIG na década de 70 foi uma experiência marcante que moldou minha vida profissional e pessoal. A empresa me ensinou a importância do trabalho em equipe, da dedicação e do compromisso com a excelência.

Mais do que um emprego, a VARIG foi uma escola de vida. Ali, eu aprendi a voar alto e a perseguir meus sonhos.

Aos 18 anos, buscando novos horizontes, consegui um emprego como aeroviário no Galeão, ainda chamado na época de Aeroporto Internacional do Galeão. Era um mundo completamente novo para mim, cheio de gente de todos os lugares e histórias para contar.

No meio da bagunça e do corre-corre do aeroporto, eu encontrava um refúgio nos jornais que sobravam do dia. Eram páginas e páginas de notícias, muitas vezes distorcidas pela censura da época, mas que ainda assim me davam um vislumbre do que estava acontecendo no país.

Em momentos de folga, lia avidamente cada linha, buscando entender os meandros da política e da sociedade da época. As notícias de prisões arbitrárias, torturas e desaparecimentos me deixavam indignado, mas também me faziam sentir impotente. O que eu poderia fazer, um simples rapaz da Ilha do Governador, diante de um regime tão poderoso? 

Hoje, quando olho para trás, tenho um sentimento de profunda gratidão por tudo que vivi na VARIG. Aquela época foi um período de ouro para a aviação brasileira, e eu tive a sorte de fazer parte dessa história. A VARIG sempre terá um lugar especial em meu coração.




1 de jul. de 2024

O MARACUJÁ MAL-ASSOMBRADO

 

Imagem blog Escrevinhados

O Maracujá Mal-Assombrado.

A história que estou prestes a contar parece surreal, rocambolesca, mas garanto que cada palavra é verdadeira.

Tudo começou com um presente aparentemente inofensivo: uma muda de maracujá. Sim, apenas uma muda. Mas não qualquer muda, esta era especial. Era um presente de Mestre Jauri, um capoeirista cultivador de plantas conhecido por suas técnicas místicas e sussurros de bruxaria.

Ele me garantiu que ela cresceria e daria muitos saborosos frutos suculentos, porém advertiu: fique sempre de olho, às vezes nem tudo é o que parece ser.

Encantado pela beleza da planta, decidi plantá-la em meu pátio, imaginando-a crescendo sob o sol, dando frutos suculentos e refrescantes.

O que eu não sabia, porém, era que a muda de maracujá de Mestre Jauri era diferente. Ela tinha um lado obscuro, uma sede de vingança que logo se manifestaria.

Noites se transformaram em semanas, semanas em meses, e a planta crescia a um ritmo acelerado, como se estivesse sendo alimentada por alguma força extraordinária. Sim, os galhos se entrelaçavam como tentáculos famintos, buscando frestas e aberturas para se expandir.

A cada dia, o maracujá se tornava mais imponente, mais sinistro. Porém, todos os dias, bebia litros do seu suco precioso, esquecendo-me de cuidá-la, repará-la, como me avisara o cultivador Mestre Jauri.

Certa manhã, ao acordar, senti um arrepio na espinha. Algo não estava certo. As paredes do meu quarto, que ficava no andar superior da casa, pareciam mais úmidas, como se algo verde e viscoso as estivesse invadindo. Abri os olhos devagar, e o que vi me fez gelar a alma.

Galhos de maracujá, como cobras, entrelaçavam-se em torno da minha cama, seus ramos afiados roçando meu rosto. As folhas, antes verdes e brilhantes, agora estavam amareladas e murchas, exalando um odor pútrido que me enjoava. A planta, outrora inofensiva, havia se tornado um monstro vegetal que me cercava, me sufocava.

Em pânico, tentei me livrar dos galhos, mas eles eram fortes demais. Eu me sentia preso, como um inseto em uma teia de aranha. De repente, um pensamento horripilante me ocorreu: Mestre Jauri é um bruxo! Ele havia me alertado, avisado que nem tudo é o que parece ser! A planta me fornecia sucos deliciosos, mas como castigo de não a cuidar, como avisara o mestre Jauri, agora ela me punia por arrancar seus frutos sem cuidá-la como deveria!

Com um grito de desespero, me agarrei aos galhos e os arranquei com todas as minhas forças. A planta soltou um gemido gutural e se retraiu para o pátio, deixando para trás um rastro de folhas murchas e espinhos afiados.

Eu estava livre, mas ainda traumatizado. A partir daquele dia, nunca mais olhei para um maracujá da mesma maneira, hoje vivo com a tesoura de poda no bolso, não convém se arriscar.

A história do maracujá assombrado me ensinou uma lição valiosa:

Nem todos os presentes também não são o que parecem ser. Às vezes, a beleza esconde um lado sombrio, e a inocência pode se transformar em terror.

Quem sabe, em algum canto remoto do mundo, Mestre Jauri ainda cultiva suas plantas amaldiçoadas, à espera de novas vítimas desatentas às brincadeiras macabras…


😕




4 de jun. de 2024

NO LIMIAR DE UM NOVO AMANHÃ

 

img ilustração Pixabay

No Limiar de um Novo Amanhã:

Uma Crônica Sobre a Geopolítica e a Ecologia em Tempos Tumultuados.

Em um mundo marcado por conflitos geopolíticos e pela crise climática, a humanidade se encontra em um momento crucial. As geleiras derretem em um ritmo alarmante, soando um alerta apocalíptico que ecoa pelos vales e picos das montanhas. Guerras travadas em diferentes cantos do planeta lançam sombras sobre o futuro, enquanto a busca por soluções ecológicas e pacíficas se torna cada vez mais urgente.

No tabuleiro geopolítico, nações se chocam em disputas por poder e recursos. O fantasma da guerra nuclear paira no ar, alimentando o medo e a incerteza. Ao mesmo tempo, surgem movimentos de resistência e cooperação internacional, buscando construir pontes entre diferentes culturas e ideologias. A diplomacia e o diálogo se tornam ferramentas essenciais para navegar pelas turbulências do cenário global.

No campo ambiental, a situação é igualmente crítica. As emissões de gases do ‘efeito estufa’ atingem níveis recordes, intensificando o aquecimento global e seus impactos devastadores. Eventos climáticos extremos, como secas, inundações e furacões, se tornam cada vez mais frequentes e intensos, deslocando populações e devastando ecossistemas. A comunidade científica adverte que estamos nos aproximando de um ponto de inflexão irreversível, exigindo ações imediatas e drásticas para evitar um colapso ambiental.

Diante desse panorama desafiador, a humanidade se depara com a necessidade urgente de repensar seus valores e prioridades. A busca por um futuro sustentável e pacífico exige uma mudança radical na forma como interagimos com o planeta e uns com os outros. A cooperação global, a inovação tecnológica e a educação ambiental são elementos essenciais para construir um mundo mais justo, equitativo e resiliente.

É fundamental reconhecer que os desafios geopolíticos e ecológicos estão interligados e não podem ser solucionados isoladamente. A paz duradoura só será alcançada com base na sustentabilidade ambiental, e a proteção do meio ambiente depende de um sistema global pacífico e cooperativo.

Neste momento de encruzilhada, cabe a cada um de nós assumir a responsabilidade por construir um futuro melhor. Devemos nos unir em prol da paz, da justiça social e da proteção ambiental, reconhecendo que o destino do planeta está nas nossas mãos. A mudança é necessária, e o tempo para agir é agora.

Ao abraçarmos a compaixão, a colaboração e a criatividade, podemos superar os obstáculos que nos impedem de alcançar um futuro promissor. Juntos, podemos construir um mundo onde a paz reine, a natureza floresça e a humanidade prospere em harmonia com o planeta. A nova realidade que se desenha exige nossa coragem, determinação e uma visão compartilhada de um futuro melhor.

Lembre-se, cada ação, por menor que seja, pode contribuir para a construção de um amanhã mais sustentável e pacífico. Sejamos a mudança que queremos ver no mundo!