22 de dez. de 2024

O NATAL NOSSO DE CADA DIA

 

Salvador Dali (Detalhe)


O NATAL NOSSO DE CADA DIA.


Natal. Uma palavra que evoca sentimentos de alegria, união e esperança. Mas por que confinarmos essa magia há apenas um dia no ano? Por que não estender essa atmosfera de amor e fraternidade a todos os dias?

A verdade é que o Natal, em sua essência, transcende datas e calendários. É um estado de espírito, uma disposição para o bem, uma celebração da vida em todas as suas nuances. A troca de presentes, os enfeites coloridos, as músicas natalinas são apenas elementos que potencializam esse sentimento, mas não o definem.

Se pensarmos bem, todos os dias são oportunidades de celebrar a vida. Um sorriso sincero, um abraço apertado, ser um amigo, uma palavra de conforto a quem precisa, são pequenos gestos que transformam o nosso dia, o dia de alguém também.

A humanidade é o maior presente que podemos dar e receber. É a capacidade de se colocar no lugar do outro, de simpatizar, de amar incondicionalmente. E essa capacidade não tem data para ser exercida.

Se todos os dias fossem natais, o Natal perderia a graça? Um mundo onde a gentileza fosse a norma, onde a compaixão fosse a lei e onde a solidariedade fosse o lema? Um mundo onde cada encontro fosse uma oportunidade para celebrar a vida e fortalecer os laços humanos? 

Não precisamos esperar por datas especiais para praticar o bem. Podemos transformar cada dia em uma pequena celebração, um ato de amor ao próximo. Afinal, a verdadeira magia do Natal reside no coração das pessoas, esse coração pode ser tocado a qualquer momento, todos os dias!

Sim, um sorriso, um abraço, uma palavra de carinho… pequenos gestos de mudar o mundo, um dia de cada vez, todos os dias, pequenininho, miudinho, o natal nosso de cada dia, poxa, seria um grande Natal pra valer.

1 de dez. de 2024

RESILIÊNCIA ALVINEGRA: O 'PERDEDOR', ENFIM, VITORIOSO!

 

Foto de Vitor Silva (Botafogo)

Resiliência Alvinegra: O 'Perdedor', enfim, vitorioso!

A Dupla Cidadania Esportiva: Um Hino à Resiliência Alvinegra.

O Rio, essa cidade que tece laços tão fortes, capaz de transformar um visitante em um apaixonado torcedor. Assim se deu comigo, que, após duas décadas convivendo com a paixão alvinegra, incorporou a ela a sua alma gremista. Uma dupla cidadania esportiva, que me leva a refletir sobre a força do futebol em moldar identidades e construir narrativas.

A alcunha de “perdedor” que acompanha o Botafogo é um fardo histórico, uma sombra que paira sobre a trajetória do clube. No entanto, quem veste a camisa alvinegra carrega consigo uma resiliência inigualável. Uma fé inabalável na vitória, mesmo diante dos obstáculos.

Essa paixão, cultivada ao longo dos anos, encontra um desfecho emocionante com a conquista da Libertadores. A vitória do Botafogo, além de ser um marco histórico para o clube, representa a consagração de uma luta incansável, de uma torcida que nunca desistiu de sonhar.

A minha história se divide entre o ser gremista e o ser botafoguense, um reflexo da paixão do futebol. Um esporte que nos une, que nos emociona e que nos faz sentir parte de algo maior. Afinal, a paixão pelo futebol transcende fronteiras, clubes e até continentes.

A conquista da Libertadores pelo Botafogo é um capítulo à parte nessa história. É a materialização de um sonho, a recompensa por anos de dedicação e paixão. É a prova de que, mesmo diante das adversidades, a fé e a persistência podem levar à vitória.

Como tantos outros torcedores, celebro essa conquista, uma vitória que transcende os clubes e une todos os que acreditam no poder transformador do esporte. Um hino à resiliência alvinegra, que ecoa por todo o continente e nos inspira a seguir em frente, sempre com a esperança de que os nossos sonhos se realizem.

 













15 de nov. de 2024

O TEMPO ROUBADO NO (6x1)

 

img ilustração Pixabay

O Tempo Roubado no (6X1).

Desde os primórdios da civilização, o trabalho tem sido uma constante na vida humana. Na antiguidade, a escravidão impunha jornadas exaustivas sem qualquer direito. Na Idade Média, o servo da gleba estava preso à terra, entregando a maior parte de sua produção ao senhor feudal. Com a Revolução Industrial, as fábricas surgiram como verdadeiros monstrengos, engolindo homens, mulheres e crianças em jornadas intermináveis e condições degradantes.

No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) representou um avanço significativo, garantindo direitos como férias, 13º salário e jornada de trabalho de 44 horas semanais. No entanto, a proposta de aumentar a jornada para 60 horas semanais, com apenas um dia de descanso, nos retrocede a uma época que acreditávamos ter superado.

A jornada de trabalho não é apenas um número em um contrato. É tempo de vida, tempo que poderia ser dedicado à família, aos amigos, à cultura, ao lazer, à educação. É tempo para recarregar as energias, para cuidar da saúde física e mental. Ao aumentar a jornada de trabalho, estamos roubando esse tempo precioso, condenando milhões de pessoas a uma vida de exaustão e alienação.

Imagine um trabalhador que sai de casa às 6h da manhã e retorna às 22h. Ele terá apenas algumas horas por dia para realizar todas as suas atividades. Como ele poderá cuidar dos filhos, levar os mais novos para a escola, preparar as refeições, fazer as tarefas de casa? Como ele poderá encontrar tempo para se dedicar a seus hobbies, para ler um livro, para assistir a um filme? Como ele poderá participar da vida comunitária, votar, exercer sua cidadania?

A falta de tempo livre tem consequências sérias para a saúde física e mental. O estresse crônico, a insônia, a ansiedade e a depressão são apenas algumas das doenças relacionadas ao excesso de trabalho. Além disso, a falta de tempo para o lazer e a cultura empobrece a vida das pessoas, limitando suas experiências e suas possibilidades de desenvolvimento pessoal.

É preciso lembrar que o trabalho não é um fim em si mesmo, mas um meio para se alcançar uma vida digna. Uma vida com tempo para tudo aquilo que faz de nós seres humanos: amar, aprender, sonhar, criar. Ao defender a redução da jornada de trabalho, estamos defendendo a qualidade de vida de todos nós.

Aumentar a jornada de trabalho não é a solução para os problemas econômicos do país. É preciso investir em educação, em ciência e tecnologia, em infraestrutura. É preciso criar um ambiente de negócios mais justo e competitivo, que incentive a inovação e a geração de empregos de qualidade.

A jornada de trabalho de 60 horas semanais é um retrocesso. É um ataque aos direitos dos trabalhadores e à dignidade humana. É hora de dizer não a essa proposta e de lutar por um futuro em que o trabalho seja uma fonte de realização e não de sofrimento.

Em resumo, a proposta de aumentar a jornada de trabalho para 60 horas semanais representa um retrocesso histórico, com impactos negativos na saúde física e mental dos trabalhadores, além de limitar suas oportunidades de desenvolvimento pessoal e social. É fundamental defender a redução da jornada de trabalho e investir em políticas públicas que promovam a qualidade de vida e o bem-estar da população.


img ilustração Pixabay


Imagine, aqui não entrou nem o ‘Tempo (já) Roubado’ da aposentadoria! 

A propósito... em que século estamos, mesmo?


13 de nov. de 2024

UMA VIDA ENTRE PÁGINAS

 

Fotografia original do acervo img do autor

Uma Vida Entre Páginas.


Lembro-me de criança, imerso em um mundo de letras e imaginação. A caneta, meu fiel escudeiro, deslizava sobre as páginas em branco, dando vida a personagens e aventuras que brotavam da minha mente fértil. A escrita era um refúgio, um lugar onde eu podia ser quem quisesse e viver as mais incríveis histórias.

Mas a vida, como se sabe, nem sempre se alinha aos nossos sonhos. As responsabilidades se acumularam cedo e a necessidade de trabalhar me afastou um pouco da literatura. Os cadernos, no entanto, continuaram sendo meus companheiros inseparáveis. Escrevia em qualquer canto, em qualquer momento que encontrasse um tempinho livre. Eram dezenas de cadernos, todos rabiscados com letras miúdas e cheios de sonhos.

Naquela época, a tecnologia ainda era um sonho distante. A máquina de escrever, quando finalmente a adquiri, era um luxo e uma novidade. Pesada e barulhenta, ela me acompanhou por muitos anos, registrando cada palavra com o tilintar característico das teclas.

Hoje, com o advento da era digital, a escrita se tornou ainda mais prazerosa e acessível. Posso criar, editar e publicar meus livros com apenas alguns cliques. A possibilidade de revisar e atualizar meus textos a qualquer hora e em qualquer lugar é um privilégio que eu nunca imaginei ter.

Mas, apesar de todas as facilidades que a tecnologia oferece, ainda sinto uma certa nostalgia pelos cadernos antigos. Aquelas páginas amareladas, cheias de rabiscos e correções, guardam uma parte importante da minha história. São testemunhas de uma paixão que nasceu na infância e que continua viva até hoje.

A escrita é mais do que apenas um hobby para mim. É uma forma de expressão, uma maneira de compartilhar minhas experiências e conectar-me com outras pessoas. E, acima de tudo, é uma paixão que me acompanha desde a infância e que me faz sentir vivo.

Por isso, continuo escrevendo, revisando e aprimorando meus textos. A cada nova palavra, a cada nova história, sinto a mesma emoção que sentia quando criança, com a caneta na mão e um mundo de possibilidades à minha frente.





9 de nov. de 2024

A NÉVOA QUE ROUBA MEMÓRIAS

 

Img Ilustração Pixabay

A Névoa que Rouba Memórias.

A memória é um labirinto intrincado, onde guardamos as preciosidades de nossas vidas. Cada canto, cada curva, cada bifurcação abriga um fragmento de quem somos, um pedacinho de história que nos moldou. Mas, para alguns, esse labirinto se transforma em uma névoa densa, obscurecendo os caminhos e apagando as lembranças. É assim que se manifesta o Alzheimer, um ladrão silencioso que invade a mente e rouba o passado.

Imagine ter vivido uma vida rica, repleta de experiências e amores, e de repente, ver tudo se esvair como fumaça ao vento. É como se a mente se tornasse um livro com páginas em branco, onde antes havia uma narrativa vibrante. O Alzheimer é um pouco disso: uma doença que apaga as letras e as palavras, deixando apenas um rastro tênue de quem se foi.

No início, são esquecimentos pequenos, como onde deixou as chaves ou o nome de um conhecido. Mas, com o tempo, a doença avança e os lapsos se tornam mais frequentes e mais profundos. A pessoa pode esquecer o rosto de um filho, o sabor da comida favorita ou até mesmo como realizar tarefas simples, como tomar um banho ou se vestir.

É uma jornada dolorosa, não apenas para quem sofre da doença, mas também para os familiares e amigos. Ver um familiar se perder em sua própria mente é como assistir a um naufrágio em câmera lenta. A cada dia, um pouco mais daquela pessoa se afasta, deixando para trás um vazio imenso.

No entanto, mesmo diante de um cenário tão desafiador, é preciso manter a esperança. A ciência avança a passos largos, e novas terapias e medicamentos estão sendo desenvolvidos. Além disso, o cuidado e o carinho dos familiares e amigos podem fazer toda a diferença na qualidade de vida do paciente.

Esta crônica, evidentemente, não tem o intuito de informar sobre o mal de Alzheimer — uma profunda névoa que rouba memórias, mas dizer sobre a fragilidade da vida, sobre a importância de cada momento, de cada abraço, de cada palavra dita. É um convite à reflexão sobre como valorizamos nossas memórias e como podemos oferecer apoio e compaixão àqueles que as estão perdendo.