
Ilustração-Vilkasss-elderly-Pixabay

Sempre as ‘Desculpas’.
Estava no banco da praça, o rádio sussurrando notícias entre estatística e vento. Mais uma tarifa de Trump, desta vez contra o Brasil. Os passarinhos não se importaram, mas eu ouvi. Sempre ouço.
Ele não inventou nada. Só pegou o velho argumento da anistia, embrulhou na bandeira verde-amarela e vendeu como mais uma novidade. Depois veio o aço, a segurança nacional, o déficit. Sempre uma desculpa, sempre alguém pra culpar. Um homem assim não tem amigos, só alvos.
Os brasileiros que o veneram deveriam abrir os olhos. Ele taxou europeus, chineses, canadenses… até os que se ajoelharam diante dele. Ninguém escapa. Ninguém. Se pudesse, cobraria imposto do sol que nasce no Leste.
Mas o pior não é o dinheiro que some. É a fé que sobra. Acreditar que ele faz isso por honra, por América First, ou é ingenuidade, ou estupidez. Ele faz porque é negócio. E negócio, para um homem desses, não tem bandeira, acredite.
Desliguei o rádio. Os passarinhos continuaram, indiferentes. Olhei o céu. Choverá amanhã? Não sei. Aqui no Sul isso também se tornou preocupação. No fim, como sempre, a conta chega. E quem paga somos nós… sempre as mesmas desculpas.